sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Trouble twos, terrible threes or terrific teens?

"Trouble twos" é a expressão utilizada habitualmente para designar a idade que medeia os 2 e os 3 anos....e não é por acaso!
Mais do que uma idade, é um estado de desenvolvimento caracterizado por mudanças bruscas de temperamento e marcado pelo uso abusivo da palavra "NÃO"; representa a fase em que a criança começa a debater-se com o forte desejo de independência e com o adquirir de opinião própria, embora muitas vezes não tenha essa consciência ou percepção, o que conduz a raciocínios não coerentes, falhas no diálogo, frustrações e, inevitavelmente, dificuldade no controlo dos seus sentimentos e emoções.
O 1º ano de vida da Nônô implicou uma adaptação a muitos níveis mas, cólicas à parte, foi maravilhoso; do 1º para o 2º ano e, excepção feita  à saga da erupção dos dentes que me proporcionou inúmeras noites em claro, tudo foi perfeito! Assim que completou os 2 anos, a Nônô passou a dormir a noite inteira, mas os dias passaram a ser bem turbulentos...foi a idade mais exigente, onde a paciência é constantemente testada até ao limite e não é fácil, nada fácil, gerir os conflitos das crianças nesta faixa etária. Com os 3 anos veio a bonança, pelo menos aparentemente...a Nônô percebeu que não vive numa anarquia e que existem regras que convém serem cumpridas, o que tornou a vida de todos, incluindo a dela própria, num lugar muito melhor! Agora e até ver, vamos navegando em águas serenas e já merecíamos estas tréguas depois de um ano intenso e desgastante, onde investimos muito tempo e esgotámos quase por completo a paciência...
Às vezes temos de negociar (vulgo chantagear) um bocadinho, mas a verdade é que já é tudo bem mais pacífico...ainda lidamos com um esporádico mau génio, indicativo de um feitiozinho que se prevê difícil e desafiante, sempre acompanhado de um poder de argumentação que nos desconcerta e, ultimamente, quando a Nônô está chateada com a própria vidinha, ou seja, quando é contrariada, começa a emitir uns sons tipo "uuum" "uuum" "uuum" que me arrancam sempre um sorriso dos lábios porque só me fazem lembrar aqueles resmungões de idade avançada que passam o dia a rezar baixinho...
Durante o último ano, reconfortaram-me as palavras de duas amigas que me garantiram que era só uma fase e que iria passar; ambas são mães de dois rapazes que actualmente têm 9 anos, um comportamento exemplar e uma paciência infinita para a Nônô, mas que há meia dúzia de anos atrás, deviam andar a rasar a hiperactividade...ainda me lembro de um célebre jantar em que uma dessas criancinhas não deu descanso e não parou um segundo sossegada...saltava do chão para a bancada da cozinha, da bancada da cozinha voava para para cima das cadeiras, das cadeiras esgueirava-se para a mesa de jantar, da mesa de jantar pulava para o sofá e testava até ao limite a resistência das suas molas, para depois aterrar no jardim e, entre pinos, rodas, cambalhotas e flic-flac, transpirava por todos os poros e mais algum e ainda resolveu ir passear os cães que chegaram a casa extenuados e o miúdo ainda tinha energia suficiente para alimentar uma cidade...só sei que no fim da noite, todos os presentes estavam exaustos só de o observar e eu percebi a razão da mãe estar no osso e o pai implorar por ansiolíticos.
Quanto à Nônô, ainda lhe faço um bocadinho de marcação cerrada e há uns dias ouvi a seguinte frase: "Mãe, não me largas e já pareces o cão do tio João Pedro"...o referido cão é um Labrador tipo "aspirador" que não descola da Nônô por um segundo, na esperança de conseguir saquear-lhe uma bolacha das mãos ou um qualquer pedaço de pão que caia ao chão...e, bem vistas as coisas, congratulo-me com a comparação porque tenho a plena consciência que, durante o último ano, houve alturas em que eu mais parecia o cão do tio Manel, um pastor alemão que rosna por tudo e por nada ou, pior ainda, o cão da tia Sofia, um rottweiler que está sempre pronto a fincar os dentinhos que tem na boca em tudo o que se mova e lhe passe à frente do nariz ...
Os 2 anos foram realmente difíceis, muito difíceis, foram mesmo os "difíceis dois" e eu todas as noites rezo um Pai Nosso e uma Avé Maria para não ver os "trouble twos" transfomados em "terrible threes" mas, como dizem as minhas amigas que no que toca à maternidade já levam uns aninhos de avanço sobre mim, difícil, difícil é mesmo ter que lidar com os "terrific teens"!...

Ana Pádua
06/11/2015


"yoga mood"


"meditation mood"


 

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