"Trouble twos" é a expressão utilizada habitualmente para designar a idade que medeia os 2 e os 3 anos....e não é por acaso!
Mais
do que uma idade, é um estado de desenvolvimento caracterizado por
mudanças bruscas de temperamento e marcado pelo uso abusivo da palavra
"NÃO"; representa a fase em que a criança começa a debater-se com o
forte desejo de independência e com o adquirir de opinião própria,
embora muitas vezes não tenha essa consciência ou percepção, o que
conduz a raciocínios não coerentes, falhas no diálogo, frustrações e,
inevitavelmente, dificuldade no controlo dos seus sentimentos e emoções.
O
1º ano de vida da Nônô implicou uma adaptação a muitos níveis mas,
cólicas à parte, foi maravilhoso; do 1º para o 2º ano e, excepção feita
à saga da erupção dos dentes que me proporcionou inúmeras noites em
claro, tudo foi perfeito! Assim que completou os 2 anos, a Nônô passou a
dormir a noite inteira, mas os dias passaram a ser bem
turbulentos...foi a idade mais exigente, onde a paciência é
constantemente testada até ao limite e não é fácil, nada fácil, gerir os
conflitos das crianças nesta faixa etária. Com os 3 anos veio a
bonança, pelo menos aparentemente...a Nônô percebeu que não vive numa
anarquia e que existem regras que convém serem cumpridas, o que tornou a
vida de todos, incluindo a dela própria, num lugar muito melhor! Agora e
até ver, vamos navegando em águas serenas e já merecíamos estas tréguas
depois de um ano intenso e desgastante, onde investimos muito tempo e
esgotámos quase por completo a paciência...
Às
vezes temos de negociar (vulgo chantagear) um
bocadinho, mas a verdade é que já é tudo bem mais pacífico...ainda lidamos com um esporádico mau génio, indicativo de um
feitiozinho que se prevê difícil e desafiante, sempre acompanhado de um
poder de argumentação que nos desconcerta e, ultimamente, quando a Nônô
está chateada com a
própria vidinha, ou seja, quando é contrariada, começa a emitir uns
sons tipo "uuum" "uuum" "uuum" que me arrancam sempre um sorriso
dos lábios porque só me fazem lembrar aqueles resmungões de idade
avançada que passam o dia a rezar baixinho...
Durante
o último ano, reconfortaram-me as palavras de duas amigas que me
garantiram que era só uma fase e que iria passar; ambas são mães de dois
rapazes que actualmente têm 9 anos, um comportamento exemplar e uma
paciência infinita para a Nônô, mas que há meia dúzia de anos atrás,
deviam andar a rasar a hiperactividade...ainda me lembro de um célebre
jantar em que uma dessas criancinhas não deu descanso e não parou um
segundo sossegada...saltava do chão para a bancada da cozinha, da
bancada da cozinha voava para para cima das cadeiras, das cadeiras
esgueirava-se para a mesa de jantar, da mesa de jantar pulava para o
sofá e testava até ao limite a resistência das suas molas, para depois
aterrar no jardim e, entre pinos, rodas, cambalhotas e flic-flac,
transpirava por todos os poros e mais algum e ainda resolveu ir passear
os cães que chegaram a casa extenuados e o miúdo ainda tinha energia
suficiente para alimentar uma cidade...só sei que no fim da noite, todos
os presentes estavam exaustos só de o observar e eu percebi a razão da
mãe estar no osso e o pai implorar por ansiolíticos.
Quanto
à Nônô, ainda lhe faço um bocadinho de marcação cerrada e há uns dias
ouvi a seguinte frase: "Mãe, não me largas e já pareces o cão do tio
João Pedro"...o referido cão é um Labrador tipo "aspirador" que não
descola da Nônô por um segundo, na esperança de conseguir saquear-lhe
uma bolacha das mãos ou um qualquer pedaço de pão que caia ao chão...e,
bem vistas as coisas, congratulo-me com a comparação porque tenho a
plena consciência que, durante o último ano, houve alturas em que eu
mais parecia o cão do tio Manel, um pastor alemão que rosna por tudo e
por nada ou, pior ainda, o cão da tia Sofia, um rottweiler que está
sempre pronto a fincar os dentinhos que tem na boca em tudo o que se
mova e lhe passe à frente do nariz ...
Os
2 anos foram realmente difíceis, muito difíceis, foram mesmo os
"difíceis dois" e eu todas as noites rezo um Pai Nosso e uma Avé Maria
para não ver os "trouble twos" transfomados em "terrible threes" mas,
como dizem as minhas amigas que no que toca à maternidade já levam uns
aninhos de avanço sobre mim, difícil, difícil é mesmo ter que lidar com
os "terrific teens"!...
Ana Pádua
Tão querida!
ResponderEliminarObrigado Andréa e Parabéns pelos seus "minis" e pelo seu blog, o qual sigo há já algum tempo... Bjo grande
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