Para a Nônô, hoje começou um novo ano escolar, não o 1º, nem o 2º, mas sim o 3º!
Para mim, as férias também acabaram não há um, nem há dois, mas sim há três dias, o que significa que as nossas rotinas lentamente tiveram de voltar à "normalidade"...
No meu caso, a readaptação não foi difícil até porque já levo uns
aninhos disto e sei que no 1º dia de trabalho pós-férias parece tudo
maravilhoso, no 2º dia até pensamos que já tínhamos saudades da
profissão, no 3º dia achamos que as férias fizeram o milagre da
duplicação da paciência, no 4º dia começamos a "cair na real" e no 5º dia
já só nos apetece voltar para o lugar de onde acabámos de sair...
Nos últimos dias, tentei convencer a Nônô que as suas férias também iriam acabar, que a escola estava prestes a começar, que iria ser fantástico rever os coleguinhas, contar-lhes as suas aventuras do Verão, escutar as histórias deles, conhecer as novas educadoras, descobrir os encantos e recantos da nova sala de aulas e blá, blá, blá...todos os dias o meu discurso era o mesmo e, lá por casa, já ninguém me podia ouvir e só me diziam que eu parecia um daqueles activistas da "esquerda caviar" a tentar mentalizar as massas...
A verdade é que com as crianças, a readaptação nem sempre é pacífica e, nalguns casos, chega mesmo a ser complicada, porque com tudo a que tiveram direito durante um mês de férias, entre as actividades apetecíveis que forçosamente são diminuídas e os horários a terem que ser reajustados, juntam-se mais algumas alterações na atenção (que deixa de ser exclusiva), nos mimos (que têm de ser partilhados) e na presença (não tão constante) de todos aqueles que lhes são próximos, por isso, é de prever que no regresso às aulas, algumas criancinhas sofram de ansiedade por separação que, nos primeiros dias do ano lectivo, geralmente se traduz em choro convulsivo ou berraria desenfreada, apertos sufocantes no pescoço dos pais e posterior isolamento por tempo indeterminado num qualquer canto da sala de aulas e, embora muitas vezes estes comportamentos sejam interpretados como parte da personalidade de cada indivíduo, na verdade são o resultado da sua incapacidade para lidar com a situação...
Felizmente nunca tive de passar por estas situações que são aflitivas e constrangedoras, mas desde que a Nônô iniciou o seu percurso escolar, resolvi adoptar a técnica ensinada a quem tem de lidar com animais de 4 patas que também sofrem de ansiedade por separação e que, na ausência dos seus donos de estimação, resolvem passar o dia a vocalizar latidos e uivos, a destruir a casa sob as mais diversas formas e, no pior dos cenários, a optar pela auto-flagelação.
A técnica, em poucas palavras, consiste em não fazer grandes dramas na despedida (e nem são referidas lágrimas que são perfeitamente desnecessárias), com beijos e mais beijos, festas e festinhas e mais todas as outras manifestações excessivas de amor (que podem e devem ser guardadas para outras ocasiões), sendo também conveniente nos reencontros controlar todas as manifestações excessivas de euforia, ou seja, desvalorizar tanto as "partidas" como as "chegadas", com o único objectivo de não transformar a separação e a ausência em algo severamente angustiante...e connosco tem resultado!
Todas as manhãs, e à porta da sala de aulas, temos ainda um "ritual" baseado numa pequena conversa onde consta sempre uma recomendação "porta-te bem", seguida de um "shot" para reforço da sua confiança com a frase "gosto muito de ti", a que se segue a promessa sempre cumprida "já venho buscar-te" e, por fim, o indispensável beijo para selar o compromisso...e, tal como de há dois anos a esta parte, esta manhã, com esta conversa e muito entusiasmo, lá se iniciou mais um ano escolar!
Ana Pádua
04/09/2015
WELCOME BACK TO SCHOOL |
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