O Timmy, ou Timinho como carinhosamente é tratado, é o boneco favorito da Nônô...sempre desejei que o seu inseparável amigo fosse um peluche daqueles que existem às toneladas no IKEA e que, em caso de perda ou extravio, qualquer pessoa dá um pulinho à loja e, na hora, consegue encontrar mais um, mais dez ou mais cem exemplares semelhantes...mas não, a Nônô adoptou como companheiro para a vida, uma ovelha que veio directamente dos Estados Unidos e que lhe foi oferecida por um simpático casal, primo da avó Nhõnhõ. A ovelha tem o corpo coberto
de um material macio a simular lã, tem os membros inferiores muito compridos e desproporcionados em relação aos anteriores, tem uma expressão facial confiante e
cativante que, tal como o próprio Obama, não deixa ninguém
indiferente e, apesar de ser branca, foi imediatamente baptizada de Timmy, o nome da ovelha "negra" protagonista da série televisiva intitulada "A Hora do Timmy" que a Nônô muito aprecia.
O Timmy foi uma espécie de 1º amor que rapidamente se transformou no companheiro para a vida; segue a Nônô para todo o lado, acalma as suas
angústias, é ouvinte das suas histórias, é idolatrado, é amassado, é amado, é beijado (embora de vez em quando também leve uns "tapas" no focinho para se pôr na ordem) e é impensável adormecer sem a sua
companhia. As únicas vezes que ouvi a Nônô dizer a palavra
"saudade" foram sempre relativas ao Timmy e frequentemente temos que fazer inversão de marcha para ir resgatar o animal que ficou
esquecido lá por casa e, por isso, de há uns tempos para cá, a ovelha passou a fazer
parte da minha "checklist" antes de me ausentar para onde quer que seja.
A verdade é que o Timmy faz mesmo parte da nossa vida e, quando não sabemos o seu paradeiro, instala-se o pânico, entramos em alerta laranja e é logo accionado um plano de emergência para o capturar e há mesmo alturas em que me sinto um autêntico cão pastor (e dos eficientes tipo Border Collie) porque além de ter sempre a Nônô no meu campo de visão, ainda tenho de garantir que a sua adorada ovelha não se tresmalha para um lado qualquer!...
Acontece que o Timmy nunca viu água e sabão e, em vez de branco, já está naquela tonalidade cinzenta-acastanhada, ou seja, nauseabundo e o problema começa aqui...a Nônô assim que me ouve dizer que o Timmy tem de tomar banho, apressa-se a dizer que ela própria já banhou o Timinho e que o Timinho já está limpinho, lavadinho e cheirosinho e mais uma série de diminutivos usados para "embelezar" o quadro, que é tudo o que realmente ele não está!
No outro dia, um colega confidenciou-me que o seu filho também tem um "fiel amigo" (destes inanimados que dão sempre menos trabalho e preocupação que os verdadeiros) e, ao aperceber-se que o mesmo tinha temporariamente desaparecido para ser lavado, ficou em lágrimas e inconsolável durante umas infindáveis horas e, desde aí, sempre que penso para comigo "um dia vou dar banho ao Timmy...HOJE É O DIA!", vem-me sempre à lembrança aquela imagem aterradora da criancinha em pranto, a chorar baba e ranho em frente à máquina de lavar roupa, enquanto o boneco anda às voltas a fazer o programa completo de lavagem e secagem...
E hoje foi mesmo a "Hora do Timmy"...aproveitei um dos raros dias em que a ovelha ficou esquecida em casa e, enquanto pedia ao protector da bicharada para o animal não se desfazer durante o processo de limpeza, o Timmy foi banhado, centrifugado e seco e agora é que está mesmo limpinho, lavadinho e cheirosinho...o original TIMINHO!!!
Ana Pádua
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