sexta-feira, 30 de setembro de 2016

À procura de Nemo...

Setembro foi um mês de mudanças...foi o mês do regresso às aulas e foi precisamente a ocasião escolhida para a Nõnõ finalmente começar a pernoitar no seu quarto! Supostamente já devia estar no seu próprio aposento há 3 anos e meio (mais coisa menos coisa) segundo ditam as regras e os bons costumes, mas tal não aconteceu...primeiro porque eu gostava, segundo porque era cómodo e terceiro porque eu nunca encontrei o momento certo, mas a hora da mudança chegou, primeiro porque a Nônô já não cabia na cama de grades, segundo porque eu achei que era a altura certa e terceiro porque começou a dizer que só sairia do meu quarto aos 15 anos e comecei a assustar-me...
Cansei-me de ouvir variadíssimas teorias sobre o assunto, as mais diversas profecias e ainda os augúrios dos profetas da desgraça do costume, até que um dia uma amiga me deu isto para ler e, fiquei com a certeza que, se voltasse atrás, faria exactamente o mesmo erro...
Ao princípio parecia que ia ser tudo muito pacífico e a Nônô estava a adorar a ideia de ter a sua própria cama...a cama foi escolhida por ela, montada sobre o seu olhar atento e, como o estrado estava esgotado na altura da compra, a cama manteve-se semi-armada durante uma semana, numa espécie de processo de mentalização e, durante esse tempo, foi frequente observar a Nônô deitada no chão, rodeada pela estrutura da cama, como se estivesse a imaginar como seria a sua vidinha dali para a frente.
A noite que antecedeu o regresso às aulas foi a escolhida para a mudança e antevia-se maravilhosa...a Nônô adormeceu na cama nova, ansiosa por voltar à escola no dia seguinte e eu considerei que tudo era propício a mais uma alteração e, assim, resolvi substituir-lhe a velhíssima chucha por outra igual mas num estado de conservação consideravelmente melhor...ASNEIRA!!! Coloquei a chucha roxa num quadro onde estão todas as suas chuchas, deixei-lhe outra à disposição para qualquer eventualidade e um presente sobre a cama com um bilhete em nome do Anjo da Guarda e fui-me deitar com o pensamento "isto só pode correr bem!"...e correu até às duas da manhã, altura em que a criança acordou, apercebeu-se que a chucha não era a idolatrada e resolveu começar a chamar-me, a implorar pela chucha roxa e a dizer que queria ir para o meu quarto...e eu lá fui dizendo que o Anjo da Guarda até tinha deixado um presente para assinalar o momento, mas nada a demovia e, de madrugada, lá tive de desmontar o quadro com a sua colecção de chuchas, resgatar a chucha velha e colocar a Nônô na cama de grades e tentar que dormisse e me deixasse dormir...
Na noite seguinte, pensei: "vamos por partes, fica lá com a chucha velha mais um tempo, mas vais dormir à mesma no teu quarto, porque uma vez tomada uma decisão, não se pode voltar atrás!"... assim foi e, embora o processo não tenha sido tão rápido como eu esperava nem tão pacífico como eu desejaria, CONSEGUIMOS!!!
Gradualmente foi acordando cada vez mais tarde mas, mesmo assim, durante o último mês obrigou-me a levantar-me, no mínimo, uma vez por noite e, quando era abordada sobre o assunto, tinha uma desculpa pronta...ou era porque não tinha uma luz de presença (tinha várias, mas enfim!), ou era porque estava adoentada (não estava mas simulava!) ou era porque queria um candeeiro novo a imitar uma bola de espelhos muito 80`s (que viu numa loja e nunca mais se esqueceu!) e, sempre que eu tentava explicar-lhe todas as razões que estavam na base da necessidade da mudança, limitava-se a dizer uma frase que me soava tão familiar "não quero mais conversas sobre este assunto! "...
Depois começou a dizer que queria um peixe para lhe fazer companhia e foi aí que fizemos um acordo...a primeira vez que dormisse uma noite in-tei-ri-nha no seu quarto, teria o desejado peixe!
Ainda vacilei porque não acho a mais pequena graça a peixes, cuja mortalidade é elevada e, ao mais pequeno descuido, "quinam" empanturrados ou à fome ou de causas naturais, para além da minha experiência com estes seres, ser para lá de traumatizante e só me vinha à memória um dos gatos que tive pendurado no aquário a tentar assassinar um dos peixes que me ofereceram (o que acabou por acontecer"!) e pior, lembro-me do meu irmão mais velho (que na altura julgava-se piscicultor) quase ter ficado electrocutado e agarrado a um aquário...portanto, de peixes só queria mesmo distância, excepção feita ao belo do robalo grelhado e escalado!
Mas a verdade é que já estava por tudo e, assim, não quebrei o pacto e a chegada do novo membro à família foi preparada ao pormenor...o aquário foi cedido pelo tio Zé (que tem um arsenal invejável para qualquer apreciador destas espécies) e fomos à praia apanhar pedrinhas e mais conchinhas para recriar um habitat condigno e ainda juntámos mais uns peixes de plástico para que o original se sentisse acompanhado e, como o prometido é devido, a primeira vez que a Nônô dormiu a noite inteira na sua cama, lá fomos nós à procura do Nemo, da Dory, ou melhor, do Coraçãozinho que foi o nome escolhido pela Nônô para o (in)feliz contemplado desta pequena mas GRANDE vitória!...


Ana Pádua
30/09/2016
Nônô e Coraçãozinho
o presente do Anjo da Guarda...

...e a respectiva mensagem 

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