Com
a devida antecedência, perguntei à Nônô que máscara gostaria de usar no
Carnaval e a tarefa começou a revelar-se complicada porque, a cada dia
que passava, a criança desejava encarnar uma personagem diferente...
Começou por pedir um disfarce de bombeira
e, apesar de todo o meu esforço para conseguir encontrar um equipamento
de soldado da paz à sua altura, a minha busca foi inglória e a justa
homenagem a uma das profissões que mais prezo e admiro teve de ficar
adiada, mas o que de verdade importa é que, para a Nônô, os bombeiros
são verdadeiros heróis, embora ainda viva na ilusão que o seu trabalho
se resume apenas ao resgate de gatos do cimo dos telhados ou do topo das
árvores...
A segunda opção era mascarar-se de veterinária
e não estranhei o seu pedido porque, além da sua conhecida paixão por
animais (principalmente gatos) e da sua admirável colecção de
estetoscópios (palavra, segundo ela, muito difícil de pronunciar), a
criança, ao ouvir da boca de quem quer que seja o termo "doutora", diz
sempre "eu também sou doutora!"...e, como leva bem a sério o assunto, na
sua última consulta de oftalmologia e perante o pedido da médica para
que identificasse os animais projectados na parede do consultório,
limitou-se a responder-lhe "eu sou veterinária!", com o
mesmo ar de quem diz "não queiras ensinar a missa ao Papa". A juntar a
este lindo quadro, sempre que alguém lhe pergunta o que quer ser quando
crescer, a Nônô fica indignadíssima e responde "eu JÁ sou veterinária!",
o que é assustador, não só pela profissão em si (que é tudo o que
secretamente desejo que não siga) mas porque começou a interiorizar que,
antes de ser, já o é, e isto já lhe valeu mesmo o título de "Pequena
Relvas", tudo nos levando a crer que, à semelhança do "Sr Engenheiro"
que outrora tivemos à frente do destino da nação, também só lhe deva
faltar o inglês técnico para concluir a sua licenciatura...
Seguiu-se
o desejo de mascarar-se de bailarina para poder ostentar um tutu,
dançar e encantar toda uma plateia imaginária, enquanto sonhava com os
aplausos no final do espectáculo, ao cair do pano...
Por último, voltou-se para a natureza e ficava uma graça com o fato de joaninha que a "tia" Tacha lhe emprestou mas, à última hora, lembrou-se que queria ser uma borboleta
para colorir o céu enquanto voava e eu é que tive de dar assas à
imaginação até conseguir descobrir algo que correspondesse à expectativa
desta "sweet little butterfly"...
Sim senhora. Muitíssima engraçada.
ResponderEliminarObrigado Nelson e um grande beijinho deste lado do Atlântico!
ResponderEliminar