A Nônô é uma sortuda porque com apenas três anos de idade já conheceu um autêntico cavalheiro...ampara-lhe as quedas, protege-a dos perigos, atura-lhe todos os caprichos, alerta-me para os seus disparates (nomeadamente, quando em tentativas infanticidas, atira o carro das bonecas
escada abaixo), tem uma paciência infinita para as suas brincadeiras e até mesmo quando a Nônô lhe
amarfanha as notas do adorado monopólio, ele, num tom calmo, só diz "Nônô, o
dinheiro não é para estragar!"...
O António ou "little sir", como carinhosamente o trato, é um menino meigo, querido e educado que é filho de uma amiga que conheci na adolescência pelo que, bem feitas as contas, já devemos conviver há quase 30 anos e, lá por casa e para muitos amigos, sempre foi conhecida por Paula Produzida, por andar sempre no seu melhor e para a diferenciarmos de outra Paula (saudades tuas amiga, MUITAS!!!)...mais tarde apelidei a mãe do António de "boadrasta", não só porque continuou sempre no seu melhor, mas por apreciar a forma irrepreensível como tratava os seus enteados, deitando por terra as famijeradas madrastas das histórias infantis e de mais outras tantas da vida real.
A verdade é que a Nônô não dispensa a companhia do António e quer
sempre convida-lo para um passeio no parque, uma ida à praia, um
mergulho na piscina, uma visita aos cavalos ou qualquer outro programa domingueiro e o "little sir" passou a fazer parte integrante de todas as suas actividades e, mais importante que tudo, com ele tem
aprendido a partilhar (a parte dos chocolates não foi tarefa fácil!) e agora já não se ausenta para onde quer que seja sem certificar-se que na sua mochila há sempre guloseimas para o seu mais que tudo...
De vez em quando também lhe grita "ANTÓÓÓÓÓNHO" numa tentativa de
exercer autoridade, perfila-lo ou persuadi-lo a fazer
tudo o que ela quer e deseja e, qual "enfant terrible", ultimamente ainda se atreve a levantar-lhe a
mãozinha para intimida-lo, mas ele
permanece impávido e sereno, nunca se exalta, está sempre disposto a
dialogar como um verdadeiro SENHOR e deve mesmo atribuir o comportamento da Nônô à sua idade e identidade de género...
Ainda bem que há quem se esforce em criar homens de sentimentos e acções nobres, não necessariamente os que nos abrem a porta do carro e puxam a cadeira para nos sentarmos, mas aqueles que são cordiais, transmitem-nos segurança, nunca passam à nossa frente e têm sempre para nos oferecer o lado de dentro do passeio quando caminham ao nosso lado...
...quanto ao António, só lhe posso prometer que tentarei NÃO ser uma sogra do pior!
Ana Pádua
23/07/2015
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