quarta-feira, 12 de novembro de 2014

...e as palavras de ordem são:

"Que chatice!" é a nova expressão que a Nônô encontrou para manifestar o seu desagrado quando a vida não lhe corre de feição...qualquer contrariedade ou obstáculo com o qual se depare é amenizado na sua cabeça com estas palavras. Assim, fiquei a saber que para a Nônô é uma verdadeira chatice a 2ª feira (e não é só para ela!), lavar os dentes, a hora de dormir e esquecer-me do pão para a bicharada do parque...
Todas os esclarecimentos e justificações que tento dar à Nônô terminam sempre com um "percebes?" e agora acho curioso que os seus longos diálogos com amigos e colegas também sejam rematados com o mesmo "percebes?"...
O vocabulário usado nas nossas conversas nunca foi muito ao estilo "babá", "chuchu", "didi", mesmo quando a sua idade era propícia a essa tentação. Claro que quando os miúdos começam a falar, tudo se resume a vocábulos monótonos e dissílabos e o que fazíamos nessa fase era repetir os sons emitidos, decifrando-os e proferindo em seguida a palavra genuína a que se referiam, tipo "titi" é gato, "bobó" é avó e "didi" é chucha. Nunca percebi se estávamos a agir correctamente ou não e muitas vezes me interroguei sobre a melhor maneira de dialogar com a criança, até que me tranquilizei porque na última reunião de pais, a educadora da Nônô terminou o seu infindável discurso sobre a aprendizagem linguística das criancinhas dizendo que "o cão não é ão-ão, o cão é cão e faz ão-ão, a comida não é papa, a ovelha não é memé e o carro não é popó". WHAT ELSE?!...
"Foi de vela" é outra expressão à qual a Nônô recorre frequentemente e é usada quando perde algum objecto ou quando a sua adorada bola de futebol é chutada e vai parar ao meio do lago dos patos e "deu o bafo" é a frase aplicada quando coloca as suas delicadas mãozinhas em algo que imediatamente fica feito em cacos; ambas as expressões foram "herdadas" do papá...
Da avó Nhônhô, também já apanhou algumas manifestações através de palavras, nomeadamente aquelas em que é solicitada a intervenção da protecção divina e onde se enquadram "Ai, meu Deus" e "Ai, Jesus" e que invariavelmente precedem um grande disparate e, por isso, quando ecoam nos meu ouvidos, já sei que me vou deparar com a bela da asneirada...
Eu sei que a partir duma certa idade os miúdos são uns autênticos papagaios (e dos cinzentos que falam que se desunham) que repetem tudo aquilo que ouvem, mas o que mais me tem fascinado é a capacidade de memorização de tantas expressões e a aplicação adequada a cada situação quotidiana e a maior graça está na constante descoberta de expressões que eu nem desconfiava que fizessem recorrentemente parte do nosso dia-a-dia...
E ultimamente, as palavras de ordem por aqui são "VIVA PORTUGAL" e a toda a hora temos de ouvir saudações patriotas cá por casa, o que neste período que atravessamos é, no mínimo, estimulante, até porque este ano o dia de Portugal já passou e o euro 2016 ainda é uma miragem...e tudo porque há uns dias, durante um jantar com amigos, as crianças retiraram dum baú cachecóis e bandeiras de Portugal e resolveram por uma noite enaltecer o espírito da nação com gritos entusiastas de apoio ao país e nem o Pepe (o meu "sobrinho" de 4 patas) foi poupado!...

Ana Pádua
12/11/2014

os mais patriotas...
...e VIVA PORTUGAL!
Pepe, o cão "tuga"






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