quarta-feira, 26 de junho de 2024

Doze anos e...um poema para ti!

Querida Nônô,

Parabéns pelo teu aniversário...hoje é dia de festa!
Chegaste à idade em que dizem muito se protesta.
Foram doze anos que voaram com tamanha pressa,
Na vida de quem sempre quis crescer tão depressa.
Para trás vai ficando um passado ainda tão recente,
Uma constante saudade do futuro tornado presente  
É o sentimento que permanece desde que nasceste
E foi sempre acompanhando o tanto que cresceste.
Para trás vai ficando também a idade da inocência,
Já se vai antevendo o que será a dita adolescência...

Dizes que sou a mãe chata que um dia descrevi aqui
Mas sabe que, a cada dia, sinto o maior orgulho de ti,
Não pelo mérito de um qualquer “cem” a matemática
Ou pela facilidade com que acertas toda a gramática,
Mas antes por trocares tudo por uma reunião familiar
Pois dizes “a família está sempre em primeiro lugar”.
Peço a Deus que te proteja em cada regresso a casa,
Principalmente quando sais debaixo da minha asa...
Para trás vai ficando um passado ainda tão recente
E mais o inexplicável medo que só quem ama sente.

És quem desarma pelo forte poder de argumentação
E o teu sentido de humor alegra qualquer "dia de cão”.
Tens a graça duma sensibilidade que todos enternece,
Mas também a teimosia que qualquer um enlouquece.
Há quem diga que é só uma questão do herdado feitio,
Prender a tua atenção é sempre um grandioso desafio. 
Conseguir o teu foco é seguramente o maior objectivo
E "afinas" com quem ousa não te tratar pelo diminutivo.
Dizes que sou a mãe chata que um dia descrevi aqui
Mas sabe que, a cada dia, cresce o meu amor por ti!...

Um beijo da mãe 

26/06/2024



PARABÉNS!

domingo, 5 de maio de 2024

A mãe é chata!

A mãe chata é o pesadelo de qualquer criança ou adolescente, cujo maior sonho seria ter uma mãe fixe...
Existe uma espécie de padrão, pois quem foi educado por uma mãe chata tende a transformar-se numa mãe fixe e quem recebeu ensinamentos duma mãe fixe converte-se, invariavelmente, numa mãe chata.
No entanto, há quem diga que qualquer adulto bem sucedido teve uma mãe chata a educá-lo... queiramos acreditar que sim!
A mãe chata, assim que detecta o primeiro dentinho de leite, já está de escova de dentes em riste e, daí em diante e até os filhos atingirem a maioridade, põe a tocar o single cuja faixa A é o tema “Vai lavar os dentes!” e a faixa B tem a versão ”Já lavaste os dentes?” e, na dúvida, recorre ao seu faro apurado para certificar-se que o dentífrico foi usado.
A mãe fixe é o doce em pessoa e, como tudo o que quer é ver as crianças felizes a qualquer custo, permite o consumo de açúcar em barda para os níveis de serotonina das criancinhas estarem sempre em alta e ninguém se revoltar com a vidinha, evitando assim qualquer crise existencial.
A mãe fixe mantém-se sempre "zen", conseguindo meditar até mesmo no meio do caos, já a mãe chata vai tentando impor a regra e a disciplina a muito custo, elevando os decibéis da sua voz.
A mãe fixe adora fotografar-se acompanhada das filhas, mais parecendo idolatrarem os Rolling Stones porque insistem em mostrar as respectivas línguas ao mundo (vá lá saber-se a razão!) e também participa activamente nos vídeos que as miúdas partilham no TikTok, sempre acompanhados de hashtags #mummycool#melhoresamigas#manas#BFF#adolescentes.
Já a mãe chata, só de ouvir falar em tal rede social, fica com tamanha náusea que mais parece ter-lhe sido administrada uma dose de tramadol por via endovenosa.
A mãe fixe tem a mesma "playlist" da filha e ouvem frequentemente funk brasileiro, o qual dominam na perfeição. A mãe chata comunga da opinião que o pior erro português foi a descoberta do Brasil em 1500, pelo que censura, embora ingloriamente, tudo o que é consumido oriundo do país "irmão".
A mãe chata obriga as criancinhas a saberem o teorema de Pitágoras na ponta da língua, mesmo sabendo de antemão que irão utilizá-lo uma vez na vida ou, com sorte, talvez duas! Também não descansa enquanto os filhinhos não conjugam correctamente os verbos em todas as suas flexões, formas, modos, pessoas e números, expressando uma inexplicável alegria quando as mesmas conseguem enunciar a segunda pessoa do plural no presente do conjuntivo de um qualquer verbo. E quando recebem um whatsapp da descendência, passam a pente fino a ortografia, mais parecendo um corrector automático.
Para a mãe fixe, o mais importante são as artes e consegue ver um pequeno artista onde mais ninguém vê, mas interessa-se sobretudo por uma parte da história de Portugal, impingida de um modo autista nos manuais escolares e rejubila de orgulho quando vê os seus meninos, já bem crescidinhos, ingerirem cevada sob a forma de litrosa e fumarem erva enquanto entoam o “Grândola vila morena” num 25 de Abril qualquer...
Mas curiosamente, é a mãe chata que é frequentemente catapultada para uma alta patente das forças armadas com distintivos como “generala”, “coronela”, “sargenta” ou “capitã”.
A mim coube-me em sorte o título (atribuído pela minha própria filha) de “Gerente Disto Tudo”, GDT portanto, e não sei se foi influenciada pelo GGG (Grande Gigante Gentil) que a criança andava a ler ou pelo DDT (Dono Disto Tudo) de quem ouvira falar...
Sei, isso sim, que fiquei a reflectir sobre o assunto, não por eu aspirar a uma qualquer divisa militar, mas por pensar que a minha própria mãe não foi suficientemente chata, porque se o tivesse sido, em vez de Gerente Disto Tudo (GDT), talvez pudesse ter sido DDT como o outro, o que seguramente me daria muito mais rendimento e, acima de tudo, menos trabalho e preocupação...

Feliz Dia da MÃE (à chata, à fixe e, sobretudo, àquela que nos ama incondicionalmente!)

Ana Pádua
05/05/2024