Hoje iniciou-se mais um ano lectivo e, com ele, o 3º troço dum caminho que começou aqui, já passou por aqui e também por aqui e que, seguramente, seguirá o rumo que desejamos.
O entusiasmo do regresso às aula não foi o desejado, não pelo receio da pandemia nem pelas contingências impostas, mas porque a Nônô tornou-se grande adepta das medidas adoptadas pelo Costa num passado recente e queria continuar no ensino à distância. À excepção de dois coleguinhas de quem realmente tinha saudades, do resto nem queria ouvir falar! Pior, ao longo destes infindáveis 6 meses, a cada passagem de carro em frente ao estabelecimento de ensino que frequenta, ordenava que se acelerasse e, nos últimos dias de férias, ainda se atreveu a dizer que em anos anteriores era frequente ter ataques de tosse e séries de espirros na escola e, antes que tivesse alguma ideia menos feliz, foi incentivada a escrever uns textozitos sobre a maravilhosa escola, o desejado regresso às aulas e a felicidade dos reencontros.
A Nônô não está habituada a grande alarido à volta do COVID e tem o seu próprio sentido crítico em relação à pandemia e mais ao histerismo de certas pessoas e seus (in)consequentes comportamentos. Distrai-se com a criatividade de certos EPIs, entretém-se a contabilizar condutores de máscara e diverte-se a relatar alguns episódios que a intrigam, como é o caso do seu último passeio no parque, na companhia de um amiguinho e da sua coelha Oreo. Nesse dia, enquanto andavam de bicicleta, foram surpreendidos por uma criatura que, ora praguejava, ora esbracejava, ora andava em círculos de braços abertos, mais parecendo um Border Collie a controlar um rebanho, o que até é uma imagem enternecedora, não fosse o seu "rebanho" reduzido a uma companheira de máscara na mandíbula e mais uma cria de tenra idade colocada sobre um daqueles aparelhos usados pelos adultos para se ginasticarem. A situação já era suficientemente caricata, mas piorou substancialmente quando a criatura começou a indignar-se com a Oreo e, pior do que isso, chamou-lhe "porcaria de coelho", o que para a Nônô é ofensivo, não só pelo adjectivo usado, mas porque exige que tratem o seu animal de estimação pelo nome próprio e, em caso algum, admite que lhe troquem a identidade de género! Aí, a Nônô ficou mesmo irada e só não atacou o "rebanho" e mais o "cão" pastor por causa do distanciamento social...
Hoje, o ano escolar começou de um modo muito diferente...há restrição das entradas na escola, há contenção na expressão dos afectos, há percursos assinalados no chão, há obrigatoriedade de máscaras para professores e auxiliares, há horários alargados e intervalos mais curtos, há regras sanitárias e planos de contingência, mas também há amor, há dedicação, há resiliência, há sorrisos com os olhos e abraços com o coração, há vontade de consolidar aprendizagens e adquirir novos conhecimentos e, acima de tudo, há a confiança de sempre!
Apesar de todas as medidas de segurança, o risco nunca será nulo, nem na escola nem fora dela. A proximidade entre as crianças vai ser inevitável e a partilha de objectos difícil de controlar, portanto...
Há que continuar a viver...
Há que aceitar este "novo normal"...
Há que ter esperança num futuro próximo...
Há que ter consciência que o ano será de trabalho, de muito trabalho...
Há que fazer o melhor e evitar o alarme social...
Há que confiar nas pessoas a quem um dia escolhemos entregar os nossos filhos e que, durante este ano tão atípico, deram provas mais do que suficientes que estão à altura de grandes desafios...
Há que acreditar que tudo vai correr bem, aliás SÓ PODE CORRER BEM!
Um excelente começo de ano lectivo para todos os alunos, pais, professores e auxiliares, com o desejo ardente de não nos encontrarmos em nenhuma (mesmo nenhuma!) reunião virtual...
Boa sorte Nônô e que o caminho da escola NUNCA deixe de ser o caminho da felicidade!
Ana Pádua
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