quarta-feira, 8 de junho de 2016

O anjo da guarda...

A imaginação das crianças não tem limites e, de vez em quando, a dos adultos também não!
No meu caso particular, já perdi a conta às vezes que tive de dar boleia ao Panda e partilhar a minha vida com os Caricas, que é o mesmo que dizer dar banho à Clarinha, o jantar à Pipa, um raspanete ao Matias ou um berro ao Pedro e tudo porque a Nônô insiste em trazer para dentro de casa estas "adoráveis" criaturas...a avó Nhõnhõ não gosta nada deste tipo de ficção e já fez saber que o Panda e os Caricas não entram em sua casa (que até tem sempre as portas abertas a todas as pessoas!) e tivemos de respeitar a decisão.
Com quase 4 anos, é natural que a criança ainda tenha alguma dificuldade em separar a realidade da fantasia, bem como perceber e aceitar algumas rotinas; por exemplo, para a Nônô sempre foi complicado compreender o facto de adormecer na minha cama (sim, sim, não é o mais correcto mas é o que se arranja!) e acordar na dela e, de algum tempo a esta parte, começou a questionar-me sobre este assunto e outros tantos...
Tive a consciência que se lhe dissesse a verdade, verdadinha, iria cair-me em cima e, caso atribuísse responsabilidades aos seus amigos imaginários, encomendar-lhes-ia um sermão com missa cantada, por isso, encontrei no anjo da guarda o meu melhor aliado, até porque não há ninguém melhor para zelar pela sua segurança e bem estar e, deste modo, quando a Nônô adormece, o "anjinho" coloca-a na sua própria cama, tapa-a, aconchega-a e da-lhe um beijinho enquanto lhe deseja uma noite descansada.
Mas o anjo da guarda também é guloso e, pela surdina da noite, depois de desempenhar todas as funções que lhe estão atribuídas e o trabalhinho ser dado como concluído, não resiste ao pecado da gula e ataca as guloseimas da Nônô...o pior é quando o dia nasce e há invólucros de chocolate espalhados pelo sofá e embalagens de gelados vazias na cozinha e mais pacotes de bolacha em cima da mesa mas, mesmo perante este cenário devastador, a criança aprendeu a não resmungar ou questionar a protecção divina...
Claro que já me disse várias vezes que nunca o viu, que gostava de conhecê-lo (o nome dele julgo ser Gabriel no catolicismo ou Haaiah quando a "coisa" puxa para o esoterismo!) e até já disse à avó Nhõnhõ que o anjo da guarda comeu muitos dos seus ovos da Páscoa, que adora os mesmos gelados que ela e devora alguns chocolates que estão lá por casa mas, como ao "anjinho" tudo é permitido, o "crime" passa impune...até porque a Nônô sabe que ele é seu amigo e está sempre disposto a cuidar dela, a elogia-la pelos seus feitos e conquistas, a ajuda-la a progredir, bem como a presenteá-la quando o seu comportamento é exemplar. E assim, foi com orgulho e satisfação que, no dia 20/05, as fraldas nocturnas passaram também a fazer  parte do passado e a Nônô encarregou-se de espalhar ao mundo que o anjo da guarda  tinha deixado uma nota na minha carteira para comprarmos um presente porque já não fazia xixi na fralda e lá fomos em busca de uma lembrança para assinalar a data...
Brincadeira à parte, espero que a Nônô tenha sempre no céu um anjo da guarda para proteger e iluminar a sua vida, mas é tão bom termos um "anjinho" na terra personificado na figura do pai ou da mãe!...

Ana Pádua
08/06/2016 

a "anjinha", o quadro...


...e a oração

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