quarta-feira, 23 de março de 2016

A árvore das chuchas

Eu gosto que a Nônô goste de usar chucha!...Foi o primeiro objecto que eu percebi que a Nônô identificava na perfeição e foi também o primeiro objecto a ter direito a um nome "didi" e, embora de algum tempo a esta parte, a Nônô use a chucha apenas para dormir, não acho justo retirar-lhe abruptamente aquilo que um dia lhe ofereci para sua segurança...
Um dia li um artigo sobre a correlação directa entre o uso de chucha e a acentuada diminuição dos casos de morte súbita em bebés e, a partir daí, eu que já era uma acérrima defensora da chucha, passei a ser obstinada pelo uso da mesma. A Nônô já não é bebé e os meus receios passaram a ser outros, mas a verdade é que ainda hoje não me deito sem me certificar que está tudo bem com a criança e isso implica ver se está numa boa posição, confortável, tapada, com uma respiração normal e obviamente se está com a chucha e, caso não esteja com a "didi", passa a estar! Gosto particularmente de, no silêncio da noite, ouvir o som proveniente da sucção da chucha que, para além de familiar, tem para mim um efeito terapêutico.
Na escola, a Nônô já não usa chucha na hora da sesta, não porque a tenham obrigado a abdicar da sua "didi", mas porque mentalizam as criancinhas que já são crescidinhas (que é tudo o que elas mais querem nesta idade!) e ninguém quer fazer má figura em frente aos colegas.
Como se isto não bastasse, há uns tempos a Nônô ouviu uma conversa entre a avó Nhõnhõ e uma das minhas sobrinhas sobre o efeito da chucha na dentição e começou a dizer-me que não queria mais usar chucha porque ia ficar com os dentes para fora e, embora eu me tenha apressado a dizer que a avó estava a brincar, não a convenci porque ela insiste em dizer-me que a avó estava a falar a sério...
Agora é frequente a Nônô dizer que quer dormir sem chucha, ora porque já é crescida, ora porque não quer ficar com os dentes para fora, e eu estou a ver o caso mal parado porque antevejo que o pesadelo das noites mal dormidas vai recomeçar...a muito custo e até ver, lá tenho conseguido desmontar o quadro, mas penso que não será por muito tempo porque a chucha roxa (que é a preferida da Nônô) está prestes a romper-se...tem outra exactamente igual mas de cor rosa (faziam as duas parte do mesmo pack), mas obviamente que a rosa, que sempre esteve em casa da avó Nhõnhõ, tem menos uso e para a criança faz toda a diferença.
Eu acredito que é tudo uma questão genética e que o uso da chucha nada interfere com o peso dos genes, até porque com tantos cães prognatas e braquignatas que já vi na minha vida, não tenho memória de algum ter usado chucha até tarde...
Há uns dias fomos visitar uma quinta pedagógica, onde para além de toda a bicharada que é suposto existir num espaço destes, demos com uma árvore especial - a árvore das chuchas - uma oliveira onde as crianças podem pendurar as respectivas chuchas, selando assim o compromisso de deixar de usa-las e fez-me lembrar a famosa ponte dos cadeados em Paris, onde os namorados selam eternamente o seu amor...
A Nônô adorou a árvore repleta de "frutos" de todas as cores e deve ter sido mesmo das coisas que mais gostou de ver na sua vida...passou mais de 45 minutos a contempla-la, completamente fascinada e contagiou-nos com a sua alegria ao ver tantas chuchas, muitas delas iguais às que já usou e outras tantas iguais à que ainda usa e, nem os cavalos, as ovelhas, as vacas ou os burros a demoviam daquele cantinho encantado.
Eu tirei da mala a sua chucha e a fralda e perguntei-lhe se queria pendurar na árvore a "didi" e a Nônô colocou a chucha na boca, agarrou-se à fralda e, sem hesitar, disse-me que era melhor ficar para outro dia...achei uma óptima decisão porque eu também não conseguiria "abandonar" ali a "didi" e, caso a Nônô tivesse decidido pendura-la, eu iria repesca-la e coloca-la-ia na nossa própria "árvore das chuchas" que é um quadro onde estão religiosamente guardadas todas as chuchas que coleccionámos ao longo dos últimos 3 (quase 4!) anos.
A Nônô ficou deslumbrada com a árvore mas não se entusiasmou muito com aquela espécie de ritual de passagem e, além de não ter pendurado e deixado a sua chucha de vez, se não estivéssemos atentos, ainda vinha de lá com mais duas ou três!...

Ana Pádua
23/03/2016 

Nônô e "didi"

felicidade é...

...encontrar uma chucha igual



a original árvore das chuchas

a nossa "árvore das chuchas"

quarta-feira, 16 de março de 2016

A 1ª Dama

No passado sábado, o Presidente da República decidiu abrir as portas do Palácio Nacional de Belém para que a sua residência oficial pudesse ser visitada...não tinha conhecimento, não tinha ouvido notícias nesse dia, mas fui surpreendida por um telefonema da avó Nhõnhõ que sabia que andávamos ali por perto e sugeriu-nos um programa diferente do habitual. Olhei para a Nônô que, qual patriota em dia de Portugal, enveredava as cores nacionais e pensei "não há coincidências", pelo que rumámos até ao Palácio de Belém.
Assim que chegámos, assistimos ao render da guarda que deixou a Nônô extasiada e já só queria seguir-lhe o passo e o compasso e correr pela rampa de acesso à sede da presidência, mas teve de manter-se estoicamente numa longa fila de espera...
Quando finalmente conseguimos entrar, a Nônô quis explorar o vasto e lindo jardim, com todos os seus cantos, recantos e encantos e, acima de tudo, insistia em ver os animais que a avó lhe tinha garantido que lá habitavam...para além dum pato e de meia dúzia de peixes num lago, não conseguimos avistar mais nada, embora nos tenha constado que existe muito mais bicharada que, devido à afluência de visitantes naquele dia, se refugiou num jardim contíguo ao do palácio.
Contemplámos a bandeira hasteada, ouvimos o hino e estávamos longe de imaginar que iríamos ver o maior símbolo nacional...o Presidente da República! É um orgulho termos um conterrâneo à frente do destino da nação e, como dificilmente o voltaremos a ver nos nossos passeios pelo paredão ou nas nossas idas à praia, decidi registar o momento e pedi ao Pedro que segurasse a Nônô para a fotografia, mas o "papá" resolveu dar a criança a beijar ao Marcelo, como se estivesse a pedir a benção ao Papa Francisco, enfim...
Com o tempo passado no jardim e dispensado ao Presidente, distraímo-nos com as horas e quando decidimos visitar a casa propriamente dita, as portas tinham acabado de encerrar e a decepção apoderou-se de nós, principalmente da Nônô que até então se comportara como uma verdadeira 1ª Dama e, naquele momento, mais parecia uma esganiçada militante do BE que batia com o pé no chão e gritava "EU QUERO VER A CASA DO PRESIDENTE! EU QUERO VER A CASA DO PRESIDENTE!", o que fez com que os seguranças ficasse boquiabertos e perdidos de riso e a criança só se acalmou quando uma das funcionárias do palácio lhe disse "Nônô, eu trabalho aqui há muito tempo e nunca recebi um beijo do Presidente!", o que juntamente com a promessa de voltarmos em breve, fez com que os ânimos serenassem...
Só nos resta desejar que o mandato do Presidente da República seja pleno de felicidade e que o Santo António que recebeu no dia da tomada de posse o proteja sempre...
BOA SORTE PRESIDENTE!!!

Ana Pádua
16/03/2016

 a 1ª Dama

a chegada ao Palácio de Belém

à porta da casa do Presidente

a passagem de Marcelo...

...e a Nônô a tentar vê-lo

o Presidente

quinta-feira, 10 de março de 2016

Sentido Obrigatório

A Nônô sempre gostou de carros e, caso lhe fosse permitido, passaria grande parte do seu tempo a mexer em tudo o que são chaves, comandos, botões e mais o que houver para explorar dentro de um veículo...já não acha graça nenhuma a manter-se sentada na sua própria cadeira e o pior é que aprendeu rapidamente a tirar os cintos de segurança e temos de ter um cuidado redobrado quando viajamos. Todos os dias pergunta quando é que pode viajar num dos lugares dianteiros e eu respondo-lhe sempre que só quando tiver a idade das primas e veremos se a criança se mentaliza que ainda tem de crescer um bocadinho assim...
Um dos seus hobbies preferidos é sentar-se com o pai ao volante do carro e imaginar-se a conduzi-lo e já chegou mesmo a pedir um automóvel para si própria mas, por enquanto, tem de contentar-se com outro tipo de veículos e já passou por um triciclo, por uma trotinete, por uma bicicleta sem pedais (daquelas que visam promover o equilíbrio mas, quando as crianças ainda não o têm, caiem que nem tortas e, quando já não caiem, tambémnão precisam daquilo para nada!) e, por último e para seu regozijo, herdou a "bicla" do primo...a bicicleta ainda é alta para a Nônô e, apesar de ter rodinhas atrás, já estão todas empenadas e mal tocam o chão, por isso, eu nem percebo como é que a criança se equilibra, mas a verdade é que está imparável!
Da avó Nhõnhõ recebeu o cartão acp junior e, a partir desse momento, a Nônô passou a achar-se totalmente encartada e, como o referido cartão tem inúmeros descontos e vantagens em escolas, creches e ATL, livrarias e papelarias, parques temáticos, restaurantes, museus e teatros, a sua felicidade é ainda maior.
De vez em quando, a Nônô também comete a sua infracçãozita e gosta tanto de usar capacete como eu gosto de usar o cinto de segurança...(in)felizmente o meu carro não veio artilhado com aqueles dispositivos que imitem uns avisos sonoros para lá de irritantes que só cessam de nos azucrinar o cérebro quando somos fiéis cumpridores das normas de seguranças e a minha transgressão já foi severamente punida (e doeu!); não sei se a minha relutância se prendia com a sensação de liberdade, com o  incómodo do "põe cinto / tira cinto" nas pequenas distâncias ou com o facto da minha carta ainda ser do tempo em que esta obrigatoriedade não se aplicava às localidades, só sei que deve ter sido a regra que mais transgredi em toda a minha vida!
A última descoberta da Nônô foram os sinais de trânsito e eu que, ao volante, já tenho uma certa tendência a distrair-me com um simples raio de sol, passei a ter uma condução que se desdobra diariamente entre a concentração que me é exigida para o efeito e a atenção dispensada à minha "aluna" durante as nossas autênticas aulas de código...a Nônô gosta de jogar ao "jogo dos sinais", um jogo apelidado e imaginado por ela e que basicamente consiste em identificar os sinais de trânsito que nos vão aparecendo pela frente ao longo do nosso percurso...o STOP, o sentido proibido, a passagem de peões, a proximidade de escola, a proibição de ultrapassar, os vários perigos (lomba, curva), o estacionamento para pessoas portadoras de deficiência, a perda de prioridade e a sinalização de rotunda são alguns exemplos, mas o que mais gostamos de ouvi-la adivinhar são os sinais com a limitação de velocidade porque, atendendo à diversidade dos mesmos, a Nônô resolveu simplificar o código da estrada e limita-se a dizer "proibido circular a mais quilómetros por hora"...
...mas o que realmente desejamos é que o Sentido Obrigatório da sua vida seja rumo à FELICIDADE!...

Ana Pádua
10/03/2016

Sentido Obrigatório: FELICIDADE
a pequena "infractora"

cartão acp junior