sábado, 6 de fevereiro de 2016

Sweet little butterfly

Com a devida antecedência, perguntei à Nônô que máscara gostaria de usar no Carnaval e a tarefa começou a revelar-se complicada porque, a cada dia que passava, a criança desejava encarnar uma personagem diferente...
Começou por pedir um disfarce de bombeira e, apesar de todo o meu esforço para conseguir encontrar um equipamento de soldado da paz à sua altura, a minha busca foi inglória e a justa homenagem a uma das profissões que mais prezo e admiro teve de ficar adiada, mas o que de verdade importa é que, para a Nônô, os bombeiros são verdadeiros heróis, embora ainda viva na ilusão que o seu trabalho se resume apenas ao resgate de gatos do cimo dos telhados ou do topo das árvores...
A segunda opção era mascarar-se de veterinária e não estranhei o seu pedido porque, além da sua conhecida paixão por animais (principalmente gatos) e da sua admirável colecção de estetoscópios (palavra, segundo ela, muito difícil de pronunciar), a criança, ao ouvir da boca de quem quer que seja o termo "doutora", diz sempre "eu também sou doutora!"...e, como leva bem a sério o assunto, na sua última consulta de oftalmologia e perante o pedido da médica para que identificasse os animais projectados na parede do consultório, limitou-se a responder-lhe "eu sou veterinária!", com o mesmo ar de quem diz "não queiras ensinar a missa ao Papa". A juntar a este lindo quadro, sempre que alguém lhe pergunta o que quer ser quando crescer, a Nônô fica indignadíssima e responde "eu JÁ sou veterinária!", o que é assustador, não só pela profissão em si (que é tudo o que secretamente desejo que não siga) mas porque começou a interiorizar que, antes de ser, já o é, e isto já lhe valeu mesmo o título de "Pequena Relvas", tudo nos levando a crer que, à semelhança do "Sr Engenheiro" que outrora tivemos à frente do destino da nação, também só lhe deva faltar o inglês técnico para concluir a sua licenciatura...
Seguiu-se o desejo de mascarar-se de bailarina para poder ostentar um tutu, dançar e encantar toda uma plateia imaginária, enquanto sonhava com os aplausos no final do espectáculo, ao cair do pano...
Por último, voltou-se para a natureza e ficava uma graça com o fato de joaninha que a "tia" Tacha lhe emprestou mas, à última hora, lembrou-se que queria ser uma borboleta para colorir o céu enquanto voava e eu é que tive de dar assas à imaginação até conseguir descobrir algo que correspondesse à expectativa desta "sweet little butterfly"...

Ana Pádua
05/02/2016

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