Durante os últimos 15 dias, as frases que a Nônô mais gostava de completar eram: "A Nônô está quase de..." e logo se ouvia a palavra mágica "FÉRIAS!" e para a frase "E nas férias não há...", seguia-se um entusiasmante grito "ESCOLA!"
E eu também já estou quase na mesma e já só me apetece gritar por qualquer coisa do género...mas enquanto o meu desejado dia não chega, vou contemplando belas fotos em tudo o que é instagram de "patas" alheias arranjadinhas e expostas sob um sol radioso e com lindas paisagens de fundo que invariavelmente englobam uma praia paradisíaca ou uma piscina qualquer e vou-me alegrando com a felicidade da Nônô que durante um mês in-tei-ri-nho sabe que terá direito a muitos mergulhos, gelados, passeios e diversão e, claro, ausência de horários porque finalmente está de férias e o ano lectivo chegou ao fim!
Nesta altura do ano, como aliás noutras muito específicas, é frequente os pais serem convocados para se deslocarem à escola dos filhos. Ainda me lembro do primeiro evento para que fomos convidados, num Natal não muito longínquo, em que o Pedro resolveu ir munido de tudo o que era máquina de filmar e fotografar, na esperança de assistir a um teatrinho natalício protagonizado pelas criancinhas ou um qualquer cântico alusivo à quadra interpretado pelos mais pequenos, mas assim que chegámos, tal como todos os familiares presentes, fomos recrutados para a execução de uma série de trabalhos manuais numa tentativa de integrar nas actividades miúdos e graúdos e não tivemos mais sossego...agora sabemos sempre ao que vamos e, na escola que a Nônô frequenta, não há festas de fim de ano, viagens de
finalistas, arraiais ou outros eventos que tais para assinalar a data, mas no fim de cada ano lectivo, reunimo-nos com as educadoras e somos presenteados com um livro personalizado, onde é relatada a evolução do percurso escolar de cada criança bem como todas as actividades desenvolvidas, ilustrado com
fotografias, desenhos e tudo o que por elas foi feito ao longo do ano, ou seja, uma espécie de memorando para memória futura e, sem dúvida, que é muito gratificante ver o empenho e a dedicação que as educadoras colocam na execução de cada exemplar!
Há quem diga que alguns professores têm a capacidade de marcar a nossa vida, ensinando-nos muito para além do que vem nos manuais, e eu tive alguns...lembro-me duma professora de português e outra de francês, dum professor de matemática e de mais dois ou três que se cruzaram no meu percurso enquanto estudante, mas nunca imaginei que, um dia, educadoras de infância pudessem marcar a vida das crianças e a nossa também!
De facto, foi um ano que valeu por cada instante, valeu pela vontade de aprender e pela alegria de crescer! Para o ano, a Nônô terá o privilégio de conhecer novas educadoras, mas é reconfortante saber que a Luísa e a Guidó estarão sempre por perto, noutra
sala é certo, mas sempre perto da nossa vista e do nosso coração...
Nunca esqueceremos o método e a disciplina, a organização e a distribuição de tarefas, o carinho e a preocupação, o encorajamento à autonomia e a valorização dos progressos, o incentivo à partilha e à inter-ajuda, a evolução da linguagem que foi fascinante e a construção do pensamento que se tornou uma constante.
É com enorme satisfação que sabemos todas as músicas ouvidas, as canções entoadas, as histórias contadas, as lenga-lengas memorizadas, os pequenos estudos realizados (sobre a natureza, os animais e os frutos), os jogos preferidos, as receitas culinárias executadas e vemos a evolução das crianças ao nível do desenho, da pintura e da língua materna e, acima de tudo, apreciamos o incentivo, desde muito cedo, à escrita...obviamente que nesta idade a escrita resume-se a uns traços que depois evoluem para uns hieróglifos tipo círculos, mas o que verdadeiramente importa é que as crianças são estimuladas a partilharem vivências e a contarem histórias, verdadeiras ou ficcionadas ou uma mistura de ambas (que é o que mais predomina nesta faixa etária) e, enquanto as crianças falam, as educadoras transcrevem para o papel o que é relatado e, assim, vão despertando a sua curiosidade e interesse pela escrita...e é tão recompensador ver a evolução dos textos que, no início do ano, regra geral não passam das 3 linhas, para os últimos onde já são contadas verdadeiras histórias...claro que eu já elegi o texto que para a Nônô deve ter correspondido ao momento alto do seu ano e, como não poderia deixar de ser, foi o "Festival do Panda"...e aqui fica para memória futura!
Ana Pádua