sexta-feira, 31 de julho de 2015

...e o ano lectivo chegou ao fim!

Durante os últimos 15 dias, as frases que a Nônô mais gostava de completar eram: "A Nônô está quase de..." e logo se ouvia a palavra mágica "FÉRIAS!" e para a frase "E nas férias não há...", seguia-se um entusiasmante grito "ESCOLA!"
E eu também já estou quase na mesma e já só me apetece gritar por qualquer coisa do género...mas enquanto o meu desejado dia não chega, vou contemplando belas fotos em tudo o que é instagram de "patas" alheias arranjadinhas e expostas sob um sol radioso e com lindas paisagens de fundo que invariavelmente englobam uma praia paradisíaca ou uma piscina qualquer e vou-me alegrando com a felicidade da Nônô que durante um mês in-tei-ri-nho sabe que terá direito a muitos mergulhos, gelados, passeios e diversão e, claro, ausência de horários porque  finalmente está de férias e o ano lectivo chegou ao fim!
Nesta altura do ano, como aliás noutras muito específicas, é frequente os pais serem convocados para se deslocarem à escola dos filhos. Ainda me lembro do primeiro evento para que fomos convidados, num Natal não muito longínquo, em que o Pedro resolveu ir munido de tudo o que era máquina de filmar e fotografar, na esperança de assistir a um teatrinho natalício protagonizado pelas criancinhas ou um qualquer cântico alusivo à quadra interpretado pelos mais pequenos, mas assim que chegámos, tal como todos os familiares presentes, fomos recrutados para a execução de uma série de trabalhos manuais numa tentativa de integrar nas actividades miúdos e graúdos e não tivemos mais sossego...agora sabemos sempre ao que vamos e, na escola que a Nônô frequenta, não há festas de fim de ano, viagens de finalistas, arraiais ou outros eventos que tais para assinalar a data, mas no fim de cada ano lectivo, reunimo-nos com as educadoras e somos presenteados com um livro personalizado, onde é relatada a evolução do percurso escolar de cada criança bem como todas as actividades desenvolvidas, ilustrado com fotografias, desenhos e tudo o que por elas foi feito ao longo do ano, ou seja, uma espécie de memorando para memória futura e, sem dúvida, que é muito gratificante ver o empenho e a dedicação que as educadoras colocam na execução de cada exemplar!
Há quem diga que alguns professores têm a capacidade de marcar a nossa vida, ensinando-nos muito para além do que vem nos manuais, e eu tive alguns...lembro-me duma professora de português e outra de francês, dum professor de matemática e de mais dois ou três que se cruzaram no meu percurso enquanto estudante, mas nunca imaginei que, um dia, educadoras de infância pudessem marcar a vida das crianças e a nossa também!
De facto, foi um ano que valeu por cada instante, valeu pela vontade de aprender e pela alegria de crescer! Para o ano, a Nônô terá o privilégio de conhecer novas educadoras, mas é reconfortante saber que a Luísa e a Guidó estarão sempre por perto, noutra sala é certo, mas sempre perto da nossa vista e do nosso coração...
Nunca esqueceremos o método e a disciplina, a organização e a distribuição de tarefas, o carinho e a preocupação, o encorajamento à autonomia e a valorização dos progressos, o incentivo à partilha e à inter-ajuda, a evolução da linguagem que foi fascinante e a construção do pensamento que se tornou uma constante.
É com enorme satisfação que sabemos todas as músicas ouvidas, as canções entoadas, as histórias contadas, as lenga-lengas memorizadas, os pequenos estudos realizados (sobre a natureza, os animais e os frutos), os jogos preferidos, as receitas culinárias executadas e vemos a evolução das crianças ao nível do desenho, da pintura e da língua materna e, acima de tudo, apreciamos o incentivo, desde muito cedo, à escrita...obviamente que nesta idade a escrita resume-se a uns traços que depois evoluem para uns hieróglifos tipo círculos, mas o que verdadeiramente importa é que as crianças são estimuladas a partilharem vivências e a contarem histórias, verdadeiras ou ficcionadas ou uma mistura de ambas (que é o que mais predomina nesta faixa etária) e, enquanto as crianças falam, as educadoras transcrevem para o papel o que é relatado e, assim, vão despertando a sua curiosidade e interesse pela escrita...e é tão recompensador ver a evolução dos textos que, no início do ano, regra geral não passam das 3 linhas, para os últimos onde já são contadas verdadeiras histórias...claro que eu já elegi o texto que para a Nônô deve ter correspondido ao momento alto do seu ano e, como não poderia deixar de ser, foi o "Festival do Panda"...e aqui fica para memória futura!

Ana Pádua
31/07/2015


o texto livre...
...e a intenção de escrita
um mimo para a Luísa...
...e outro para a Guidó

quinta-feira, 23 de julho de 2015

Oficial e Cavalheiro

A Nônô é uma sortuda porque com apenas três anos de idade já conheceu um autêntico cavalheiro...ampara-lhe as quedas, protege-a dos perigos, atura-lhe todos os caprichos, alerta-me para os seus disparates (nomeadamente, quando em tentativas infanticidas, atira o carro das bonecas escada abaixo), tem uma paciência infinita para as suas brincadeiras e até mesmo quando a Nônô lhe amarfanha as notas do adorado monopólio, ele, num tom calmo, só diz "Nônô, o dinheiro não é para estragar!"...
O António ou "little sir", como carinhosamente o trato, é um menino meigo, querido e educado que é filho de uma amiga que conheci na adolescência pelo que, bem feitas as contas, já devemos conviver há quase 30 anos e, lá por casa e para muitos amigos, sempre foi conhecida por Paula Produzida, por andar sempre no seu melhor e para a diferenciarmos de outra Paula (saudades tuas amiga, MUITAS!!!)...mais tarde apelidei a mãe do António de "boadrasta", não só porque continuou sempre no seu melhor, mas por apreciar a forma irrepreensível como tratava os seus enteados, deitando por terra as famijeradas madrastas das histórias infantis e de mais outras tantas da vida real.
A verdade é que a Nônô não dispensa a companhia do António e quer sempre convida-lo para um passeio no parque, uma ida à praia, um mergulho na piscina, uma visita aos cavalos ou qualquer outro programa domingueiro e o "little sir" passou a fazer parte integrante de todas as suas actividades e, mais importante que tudo, com ele tem aprendido a partilhar (a parte dos chocolates não foi tarefa fácil!) e agora já não se ausenta para onde quer que seja sem certificar-se que na sua mochila há sempre guloseimas para o seu mais que tudo...
De vez em quando também lhe grita "ANTÓÓÓÓÓNHO" numa tentativa de exercer autoridade, perfila-lo ou persuadi-lo a fazer tudo o que ela quer e deseja e, qual "enfant terrible", ultimamente ainda se atreve a levantar-lhe a mãozinha para intimida-lo, mas ele permanece impávido e sereno, nunca se exalta, está sempre disposto a dialogar como um verdadeiro SENHOR e deve mesmo atribuir o comportamento da Nônô à sua idade e identidade de género...
Ainda bem que há quem se esforce em criar homens de sentimentos e acções nobres, não necessariamente os que nos abrem a porta do carro e puxam a cadeira para nos sentarmos, mas aqueles que são cordiais, transmitem-nos segurança, nunca passam à nossa frente e têm sempre para nos oferecer o lado de dentro do passeio quando caminham ao nosso lado...
...quanto ao António, só lhe posso prometer que tentarei NÃO ser uma sogra do pior!

Ana Pádua
23/07/2015 

little treasure and little sir
l´enfant terrible et le monsieur
comadres e crias

filha, genro e sogra