domingo, 23 de dezembro de 2018

A magia do Natal

Se há coisa que já despachámos por estes dias foi a carta ao Pai Natal!
Aproveitámos uma visita à vila Natal de Cascais onde, por coincidência, o velhote das barbas brancas fez questão de marcar presença e lá tratámos do assunto…a fila para falar com ele era infinita (o tempo de espera rondava para aí as 2h30m!), mas o que realmente importa é que a carta foi entregue e em mão! Tivemos de arranjar um voluntário à força que heroicamente se manteve na fila, enquanto nós tratávamos de outros assuntos (não menos importantes), tais como visitar a aldeia nazarena, ver os Reis Magos e os seus camelos, ouvir histórias contadas por duendes, apreciar as renas e, claro, fazer o que mais gostamos nesta época, patinar no gelo! Aí, dou por bem empregue cada minutinho perdido numa qualquer fila de espera e, apesar deste ano, a qualidade da pista estar muito aquém do desejado, os patins não serem os melhores exemplares, o tempo de diversão ser controlado ao minuto (nada como o ano passado que entrávamos para 20 minutos de patinagem e esqueciam-se da nossa existência por 2 horas!) e, para ajudar, eu ter saído duma pneumonia há uns diazinhos, nada mesmo NADA nos impediu duns momentos mágicos no gelo…
Uma pessoa esforça-se para que as crianças continuem a acreditar na magia do Natal em todas as suas vertentes, mas este ano a tarefa não está a revelar-se nada fácil porque a Nônô já me confidenciou que não acredita em todos os Pais Natal e que o verdadeiro é o que tem uma coroa na cabeça em vez do tradicional chapéu e que, inclusivamente, os reconhece pela barba, pelo que também concluiu que aquele que foi à sua escola era falso porque estava sempre agarrado à barba para ela não cair e, tralali-tralala, estou mesmo a ver que o que costuma ir lá a casa na noite de Natal, este ano vai ficar à porta porque, caso contrário, vai ser desmascarado na hora e lá se vai de vez parte da magia...
Na vila Natal, tivemos a sorte de avistar um Pai Natal fidedigno, com um ar credível, com a  barba bem aprumada, com coroa e tudo e, quando finalmente chega a nossa vez para entregar-lhe a carta em mão, ele diz "Ah e tal, como tenho pouco tempo, entregue mas é a carta à mãe Natal que ela trata do assunto"...Querido Pai Natal, assim não vamos longe!!!
Para a Nônô, a magia do Natal iniciou-se quando recebeu um presente antecipado...tudo começou com a participação num concurso cujo prémio seria uma boneca Cry Baby (uma boneca que emita na perfeição o choro de um bebé) e, para recebê-la em nossa casa, teríamos de mencionar o que tencionávamos fazer para acalma-la e corta-lhe o pio...lá participámos, lá ganhámos e lá aceitámos com orgulho a nossa Cry Baby, que só veio contribuir para que a Nônô se julgue a melhor das cuidadoras de bebés e alimente a esperança que, no dia 25 de Dezembro, como por magia, lhe seja entregue um menino Jesus para cuidar...

Um Santo Natal e um Feliz Ano Novo para quem vive a magia da quadra e para todos aqueles que a fazem acontecer! 

Ana Pádua
23/12/2018


a magia do Natal...

...e a nossa participação

Natal&Família

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Quem não tem cão...caça com coelho!

A história da Nônô e do seu coelho é um verdadeiro conto de amor e paixão...LINDO!
Quando, em Março, pedi ao coelho da Páscoa que trouxesse um sobrinho cá para casa, estava longe de imaginar naquilo em que o animal se iria transformar e, desde então, não há brinquedo, programa de televisão ou tablet que não seja preterido em função do coelho, o qual é constantemente solicitado para brincar, passear, estudar e, inclusive, ir buscar a Nônô à escola...LINDO!
Inicialmente julgámos ter adoptado um macho, mas afinal era uma fêmea e, num ápice, passou de Pedrito a Oreo. Uma colega, com experiência na matéria, sempre me assegurou que os leporídeos são a única espécie em que as fêmeas têm um feitio consideravelmente pior que os machos, embora eu tenha vários amigos que garantam que na espécie humana o cenário é idêntico...na verdade, quando chegou, a Oreo não era a criatura mais dócil à face da terra, não apreciava muito as constantes manifestações de amor por parte da Nônô, nem tão pouco achava muita graça a estar permanentemente a ser manipulada e, de vez em quando, punha as garras de fora e virava o dentinho, mas a Nônô nunca se deixou intimidar e a sua insistência transformou o animal num ser altamente sociável, pelo que, hoje em dia, a Oreo interage com a Nôno de um modo enternecedor, pedindo festas e mimo, acatando ordens e até fazendo as suas gracinhas...LINDO!
A Nônô adora ser o centro das atenções e depressa se apercebeu que, estando na companhia da Oreo, atraía sobre si todos os olhares e tornava-se mais popular, por isso, passear com a coelhinha à trela é o seu programa preferido e  o animal passou a acompanhar-nos para (quase) todo lado, desde passeios no parque a convívio com amigos, visitas à família e até deslocações à escola...LINDO!
Em menos de nada, a coelhinha passou a ser o animal de estimação mais conhecido da vizinhança, passámos a ter inúmeras visitas guiadas a nossa casa e a Oreo tornou-se a atracção do bairro...e eu, que gosto tanto de andar na minha vidinha, agora sou interpelada por pessoas que nem sabia que moravam nas redondezas, sou bombardeada com perguntas a toda a hora e vejo o nosso território frequentemente invadido por criancinhas que aparecem nem sei bem de onde e, no fim do dia, tenho de fazer umas "piscinas" para devolvê-las aos respectivos progenitores porque não consigo abrir-lhes a porta e manda-las de volta à precedência...LINDO!
Com a Oreo, descobrimos um admirável mundo novo e passámos a frequentar algumas superfícies comerciais com as quais não simpatizávamos porque a Oreo aprecia somente a ração comercializada nesses locais e dei por mim a aderir a grupos com nomes sugestivos do tipo "rabbit lovers" e coisas do género, onde constatei que os apaixonados por coelhos batem, em teoria e aos pontos, os amantes de cães e gatos e, quando uma pessoa pensa que já viu de tudo no que toca ao fundamentalismo animal, descobre a existência destas brigadas "pró-coelho" que fazem os militantes do PAN pareçam uns autênticos "meninos"! Assim, qual membro destas "brigadas", a Nônô passou a ostentar tudo o que é alusivo a coelhos, desde camisolas com imagens de belos roedores, sapatos com impressões originais, colares com penduricalhos da espécie e mais o que vai encontrando por aí e "aiiiii" de quem tiver a ousadia de dizer algo que não seja do seu agrado relativamente à Oreo...foi o que aconteceu com o "tiozinho" (o meu irmão João) que viu o seu lugar (há vários anos no top de preferências da criança) ser abruptamente destronado quando ousou perguntar à Nônô se a coelhinha já tinha ido parar ao tacho...LINDO!
O amor é assim e é...LINDO!

Ana Pádua
31/10/2018

rabbit lover

quem não tem cão...

...caça com coelho!

segunda-feira, 17 de setembro de 2018

A caminho da escola...

Hoje arrancou definitivamente mais um ano escolar e, para a Nônô, foi o início de uma viagem que seguramente será feita de sonhos, desafios, emoções e superações.
No seu trolley leva toda a esperança, muitas fantasias, alguma expectativa e a certeza de reencontrar "velhos" amigos, aqueles com quem priva há 5 anos!
Não sei bem explicar a razão, mas a cumplicidade de algumas amizades feitas nos bancos da escola é mesmo o tal amor (seja ele de que natureza for) para a vida toda! São aqueles com quem brincámos na infantil, com quem construímos sonhos na primária, com quem partilhámos os pequenos dramas na pré-adolescência, com quem nos rimos até doer a barriga no liceu e com quem vivenciámos a vida universitária...sem nos darmos conta, os amigos que fizemos ao longo do percurso escolar tornam-se os nossos confidentes, aqueles com quem acabamos por ter inúmeras afinidades, com quem edificamos memórias, com quem partilhamos alegrias e tristezas, com quem experimentamos o prazer das vitórias e o sabor amargo da derrotas e é tão gratificante transporta-los para a vida toda...
Durante as férias, a Nônô sofreu uma espécie de mentalização para o que aí vinha e, se por um lado estava radiante por finalmente ir privar com os meninos mais crescidos, por outro, a responsabilidade de saber que ia ter de começar a estudar foi desde logo apelidada de "seca"...não foram raras as vezes que apanhei a família e os amigos a felicitarem-na pelo ingresso no 1º ciclo (na esperança de verem um entusiasmo contagiante) e a resposta da criança era sempre a mesma "vai ser uma seca!"...como na sua cabecinha julgava já ter um curso superior e afirmava com uma convicção impressionante que era Drª, devia pensar que passaria directamente da pré-escola para um qualquer cargo no governo…foi uma missão árdua, mas lá se foi convencendo que uma nova etapa ia começar, que o português é fundamental, que a matemática é divertida e que o estudo do meio é fascinante. Acabou as férias a dizer que achava que este ano ia gostar muito da escola e que seria a melhor aluna da turma! Nunca ninguém lhe incutiu competitividade nem tão pouco lhe colocou a fasquia tão alta mas, como em tudo na vida, antes ambição a mais do que a menos! 
Felizmente, ao longo dos anos que se avizinham, terá o privilégio de conhecer muitos professores que serão alguns dos marcos determinantes neste seu caminho e tantas e tantas vezes são eles os  verdadeiros "influencers" da vidinha real e, com o seu saber, contribuem não só para a aprendizagem mas também para o desenvolvimento e enriquecimento dos alunos, sendo decisivos naquilo que um dia virão a ser...há quem defenda que as criancinhas devem ser o que quiserem e blá-blá-blá, mas uma orientaçãozita feita por aqueles que ensinam com paixão, evita que venham a ter ideias infelizes e escolhas piores ainda e depois acarretem com elas a vida toda... 
Esperamos que daqui a uns aninhos (18, quiçá?), a sua bagagem seja consideravelmente maior e mais valiosa do que aquela com que hoje "embarcou" nesta viagem, que o seu trolley venha carregado não só de conhecimento mas de memórias felizes, que neste seu percurso encontre o prazer do saber, que muitos dos professores com quem se cruzará se tornem referências e, acima de tudo, que encontre amigos para a vida toda...
Boa sorte Nônô, que o caminho da escola seja SEMPRE o caminho da felicidade!



Ana Pádua
17/09/2018

o caminho da escola...

...e o caminho da felicidade

os amigos para a vida toda...

...e um amor para a vida toda

Boa sorte Nônô!

terça-feira, 31 de julho de 2018

Adeus pré-escola...1º ciclo, vemo-nos em breve!

Foi num misto de saudade e expectativa que hoje chegou ao fim a 1ª etapa da vida escolar da Nônô...foram 5 anos de exploração, experimentação e descobertas que, seguramente, lhe deram as ferramentas necessárias para, em Setembro, iniciar uma nova etapa, o 1º ciclo!
De todos os anos vividos até agora nesta escola, o último foi o mais complicado em termos de adaptação, primeiro porque no início do ano lectivo, as grandes amigas da Nônô mudaram de estabelecimento de ensino, depois porque a percentagem de rapazes era comparativamente muitíssimo superior à de raparigas e, por último, atendendo ao facto de nos dois últimos anos as salas serem heterogéneas (com crianças de 4, 5 e 6 anos), se o ano passado a Nônô era das mais novas e estava nas "sete quintas", este ano era das mais velhas e não achava muita graça...enfim, tudo fez parte dum processo de crescimento, desenvolvimento e aprendizagem e não podemos esquecer o esforço e a dedicação das educadoras Susana e Bela que tão bem souberam dar a volta ao texto e contribuir para o seu bem-estar.
Assim, no final do ano, a Nônô já tinha outras amigas do peito, coleccionava todos os cromos do mundial que trocava com os colegas do sexo masculino, os quais também lhe ensinaram alguns truques de boxe e karaté, a par de ter começado a ter alguma empatia com os mais novos que culminou num pedido surpreendente à Fada dos Dentes aquando da perda do 6º dentinho de leite...um mano! Claro que tratei logo de dizer-lhe que a bendita da fada não realiza alguns desejos, os quais desta vez eram hilariantes e por esta mesma ordem: um mano, uma mana, um Teckel, outro coelho e uma nota de 100€ (de todos o melhorzito!😊), mas teve mesmo de contentar-se com uma "LOL sister", que foi assim o que deu para se arranjar!
Destes 5 anos de escola, a Nônô guarda memórias felizes das vivências, das pesquisas, dos projectos em que participou, das educadoras que teve o privilégio de conhecer e que estão sempre presentes, dos colegas que seguiram outros percursos e dos outros que continuarão a acompanha-la na mesma escola e tudo ficou registado e compilado nos livros que foi fazendo. Foram 5 anos gratificantes pelo prazer na aprendizagem, pelo progressivo domínio da oralidade, pelo incentivo à escrita, pela confiança depositada nas próprias capacidades, pela criatividade, pelo afecto, pela transmissão de valores, pelo direito à opinião e tão, mas tão importante, pelo respeito para com cada criança, o que faz toda a diferença!
Adeus pré-escola, vamos ter saudades (aliás, já temos!), mas reconforta-nos saber que será só um "até já" porque, na verdade, o projecto educativo escolhido continuará em Setembro com o mesmo fio condutor e na mesma escola, mas na parte dos crescidos como a Nônô gosta de designa-la e, acima de tudo, tanto anseia...
...1º ciclo, vemo-nos em breve!

Ana Pádua
31/07/2018 

o livro feito na escola do coração...
...e a página que amo de paixão :-)

presentinho da Fada dos Dentes

terça-feira, 26 de junho de 2018

Já tenho 6 anos!


"Já tenho 6 anos!" foi a frase que, ultimamente, a Nônô mais ansiou pronunciar e o seu entusiasmo era tal que mais parecia estar prestes a atingir a maioridade.
Os seis anos são aquela idade emblemática que, regra geral, representa um marco na vida das criancinhas pois para a maioria é o "passaporte" garantido para o 1º ciclo e lá se acaba a boa vida... 
No íntimo, a Nônô julga-se muito crescida e os seus gostos e os traços da sua personalidade já estão bem definidos. É sensível mas destemida e corajosa, desembaraçada mas muuuiiito teimosa e tem ciúmes até das pedras da calçada! 
Gosta de bolonhesa, de sushi, de fruta e devora chocolate, mas não aprecia nem sopa, nem bacalhau, nem bolos.
Gosta da natureza, de flores, de passeios ao ar livre, de andar de bicicleta e de patins, de praia e piscina, mas uma visita ao shopping, ao supermercado ou ao médico encabeça a lista das suas preferências!
Tem verdadeira compaixão por animais e sonha vir a ter uma quinta para poder coleccionar todo o tipo de bichos, por enquanto ama de paixão o seu coelho que foi o melhor presente que podia ter recebido!
Tem opinião sobre tudo e recentemente resolveu começar a dar palpites sobre condução automóvel e a atirar para o ar uns "bitates" sobre animais e sobre medicina veterinária com uma convicção impressionante!
A música também é uma constante na sua vida e idolatra os D.A.M.A. (menos mau!) que até são uns miúdos bem-apessoados e têm umas músicas giras e sempre é melhor andar o dia todo com "O que lá vai, lá vai" na cabeça do que com o "Trolipop" da Xana Toc Toc...
Gosta de tirar selfies e adora filmar-se. Fala das novas tecnologias e das redes sociais como se as dominasse e o pior é que realmente entende mais do assunto do que eu! Apercebo-me disso quando recebo no meu telemóvel notificações via Messenger com emojis fofinhos e comentários mais queridos ainda sobre directos que eu NÃO faço...e depois passo um bom bocado a explicar aos amigos que o meu gosto por vídeos é inversamente proporcional ao meu gosto por  fotografias!...
Mas o seu grande sonho é ser YouTuber e ter o seu próprio canal...talvez inspirada pelos vídeos que adora consumir, nomeadamente aqueles sobre o infindável mundo das bonecas LOL e que invariavelmente são naquele português do Brasil que me ouriça os pêlos. E eu que tinha tanto mas mesmo tanto orgulho no seu português capaz de fazer corar os Jorges Jesus desta vida, agora vejo todas as suas gravações começarem com a saudação "Oi galera, tudo legal?", seguida de não sei quantas frases no gerúndio do tipo"estou indo", "estou falando", "estou fazendo" e  terminam todos com a famosa expressão "não se esqueçam de dar as vossas curtidas!"       
Claro que um "celular" (e dos bons, como a Nônô chama aos i-qualquer coisa) era o presente mais que desejado para este seu aniversário, mas ficou igualmente feliz com a câmara que recebeu para tirar umas "chapas"...
SORRI, estás a ser fotografado(a)!
 
Ana Pádua
26/06/2018

"Já tenho 6 anos!"
doces momentos
SORRI, estás a ser fotografado(a)!

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Mum in ❤️ with...

A Nônô é completamente apaixonada por animais! Dada a idade da criança, tal facto sempre me pareceu natural e nada de extraordinário até me aperceber que o seu objectivo era levar para casa tudo o que Noé colocou na arca...
Esta fixação por conseguir ter um pequeno jardim zoológico começou a ter contornos mais sérios quando constatei que no top de preferências de quaisquer presentes estava sempre um ser vivo e, como a falta de resposta a muitos dos seus pedidos era uma constante e alguns dos seus sonhos teimavam em não se realizarem com a brevidade pretendida, a Nônô  tentou resolver o problema, intercedendo junto da Fada dos Dentes.
Bem que me disseram que o melhor seria dar um euro por cada dente de leite perdido e o assunto ficava arrumado de vez e ainda me avisaram para eu não me esticar muito porque senão, quando chegasse a substituição dos molares, tinha a criança a pedir-me um Porsche Cayenne...nunca pensei nisso, embora tenha imaginado que quando lhe caíssem os últimos dentes de leite, lembrar-se-ia de pedir um elefante ou uma girafa!
No dia 28 de Maio, a Nônô perdeu mais um dentinho de leite (e vão 5!) e o seu desejo foi expressado de imediato: um cão, mais concretamente um Teckel! Eu disse-lhe logo que há certos desejos que a Fada dos Dentes não consegue realizar e reforcei a ideia dizendo que um cão seria dificilmente transportado por ela e que nem sempre existem animais disponíveis e tra-la-li-tra-la-la fui enchendo o meu discurso com argumentos que rapidamente foram rebatidos pela Nônô que não se cansava de alegar que a Fada dos Dentes já tinha conseguido transportar um aquário e que podia perfeitamente ir a um canil adoptar um bicho e o seu poder de argumentação (que eu tanto aprecio), misturado com a sua forte convicção e tentativa de persuasão, levaram-me às lágrimas de tanto rir tal como me aconteceu com as escutas do Sócrates...
Eu ainda não estou psicologicamente preparada para ter um cão e, convenhamos que, embora eu simpatize com o feitio do Teckel de pêlo cerdoso e ache graça à fisionomia do Teckel de pêlo curto e liso (o preferido da Nônô), nunca daria um cêntimo para comprar um problema ou melhor, vários, no caso da referida raça! A palavra "adopção" há muito que faz parte do vocabulário da Nônô que sabe muito bem o seu significado e está sempre a dizer que podíamos resgatar um animal dum canil e dar-lhe uma vida feliz...quem sabe um dia!
Só sei que, sem me dar conta, estava metida numa encruzilhada...a muito custo lá convenci a criança que seria interessante escrever uma carta à Fada dos Dentes, não com um, mas com três desejos, caso a "entidade" não pudesse satisfazer o sonho de ter um cão. Foi aí que o meu problema começou a crescer exponencialmente porque dos desejos expressos na carta (ditada pela Nônô e redigida por mim), para além do Teckel que encabeçava a lista, constava uma coelha para namorar com o Pedrito e terem muitos bebés e uma boneca LOL...resumindo, qual deles o pior! O cão era uma peça fora do baralho nesta fase da vida; a coelha também passei à frente porque não pretendo ter uma cunicultura caseira e, por isso, restou-me a boneca LOL que era de todos os males, o menor, não fosse o facto destas criaturas estarem sempre esgotadas! Aliás, todo o fenómeno à volta destas bonecas causa-me enorme estranheza e começa logo pelo nome que é sobejamente irritante, como o são todas as abreviaturas de frases (tipo OMG e WTF) que as pessoas teimam em usar. Depois, a loucura em torno das bonecas também me transcende, acima de tudo porque, além de nunca estarem disponíveis em lado nenhum, são caríssimas e não valem nada. Por fim, a colecção de LOLs é interminável pois existem não sei quantas séries das mesmas e é preciso quase um curso superior para entender esta praga!...
Desta vez, a Nônô teve de contentar-se com uma recordação escolhida pela Fada dos Dentes, mas este episódio até foi didáctico para entender que nem sempre podemos ter tudo aquilo com que sonhamos e, aprender a lidar com estas pequenas frustrações, faz parte do processo de crescimento, apesar do bom que é ser criança...

FELIZ DIA PARA TODAS AS CRIANÇAS E PARA OS ADULTOS QUE TEIMAM EM NÃO CRESCER!

Ana Pádua
01/06/2018

Mum in love with...

...you!

à espera da Fada dos Dentes :-)
a carta da Fada dos Dentes

quinta-feira, 5 de abril de 2018

Pedrito Coelho

A Páscoa já lá vai, bem como os ovos, as galinhas, as amêndoas, os folares mas, este ano, o coelho deixou descendência!...Tudo começou no Domingo de Ramos, quando a Nônô entrou numa loja de animais e literalmente se apaixonou por um coelho branquinho com os olhos delineados a preto, mais parecendo terem sido desenhados com "eyeliner" e foi assim uma espécie de amor à primeira vista! A criança ajoelhou-se, o animal aproximou-se do vidro como que a cumprimenta-la e ali permaneceram um tempo considerável numa perfeita empatia. 
Eu já tinha estado mais longe de adquirir um animal de estimação, mas um coelho, cuja vida se vai em menos dum fósforo, não estava de todo nos meus planos...um gato era a opção que há algum tempo ponderava porque a Nônô adora a gata do primo mais velho mas, por um motivo ou por outro, a altura certa ainda não tinha chegado. 
Contrariamente ao que acontece desde sempre quando a Nônô pede algo e a resposta é negativa e o assunto fica encerrado logo ali, naquela tarde de Domingo foi diferente...primeiro a Nônô começou a dizer que o animal era amoroso (o que realmente era verdade!), depois já dizia que adorava ter um coelho e, daí até começarem os pedidos incessantes para o levarmos para casa, foi em escalada! Nada a demovia daquela ideia e chegou mesmo a dizer que eu podia usar o seu dinheiro (que por nada deste mundo é gasto!) para ajudar nas despesas com o animal e eu só me ocorreu dizer-lhe que ia pensar no caso para poder zarpar rapidamente dali para fora na esperança que, no dia seguinte, o assunto caísse definitivamente no esquecimento...mas não, a Nônô voltou à carga na 2ª feira e perguntou-me se eu já tinha pensado no coelho e nunca mais me largou com a mesma história nos dias posteriores.
Na 6ª feira Santa voltei à loja, na esperança que o coelho já tivesse sido vendido e que o assunto se arrumasse de vez e, tal como eu tinha previsto, na Páscoa tudo o que é leporídeo desaparece à velocidade da luz e, claro, o "mascarilha" tipo Zorro já lá não estava! UFFA!!! 
A empregada da loja, que ainda se lembrava da cena enternecedora do Domingo anterior, prontificou-se a telefonar para o criador que lhe disse que já não tinha nenhum exemplar e eu suspirei de alívio até que a simpática rapariga, num rasgo de memória, me informou que em Sintra havia um coelho igual ao que tínhamos visto no Domingo. Eu duvidei mas dei-lhe o benefício da dúvida, pelo que decidi ir ao encontro do animal e se, por milagre, tivesse as mesmas características (cuja probabilidade eu julgava ser a mesma que acertar no euromilhões!) leva-lo-ia para casa, caso contrário, dava o caso por encerrado. Quando vi o coelho, constatei que era igualzinho ao que inicialmente conhecemos e fiquei incrédula com tamanha sorte, coincidênia ou lá o que quer que seja, decidindo assim leva-lo para casa.
A alegria da Nônô quando recebeu o coelho não tem discrição possível e eu achei deliciosa a solução encontrada por ela para não ser arranhada ...colocou umas luvas e problema resolvido! É que o bicho, mesmo depois de eu lhe cortar as unhas todas, continua com umas gânfias que não se aguenta...agora o animal não tem um minuto de sossego a não ser quando a criança está na escola, de resto vê televisão, anda de triciclo, de trotinete e em tudo o que tem rodas e a Nônô se lembra de inventar, mas incrivelmente parece gostar, principalmente quando a Nônô decide coloca-lo sobre uma almofada e dizer que ele é o rei no seu trono...e é mesmo a nossa jóia da coroa! 
Supostamente é anão, mas come como se não houvesse amanhã e desconfio que em breve vai transformar-se numa lebre e eu só espero que com toda a informação que os meus amáveis colegas me têm fornecido sobre lagomorfos, ele tenha muitos aninhos de vida porque dificilmente encontrarei outro igual...
Ah, já me ia esquecendo, o animal foi baptizado de Pedrito Passito Coelho, mas para a família e amigos é simplesmente Pedrito Coelho!

Ana Pádua
05/04/2018 

true love
coelho motard...

...versus coelho rei

Pedrito Coelho

quarta-feira, 21 de março de 2018

Henry Danger, estou a seguir-te!

De todas as redes sociais, o Instagram é aquela com a qual nunca tive grande empatia e, apesar da minha paixão por fotografia, nunca me entusiasmei pelas paisagens idílicas nem pelas iguarias partilhadas à ganância a cada segundo...mais, aquelas "cenas" sinistras do "Manel dos Anzóis pediu para te seguir" ou "estás agora a seguir a Chica Esperta" são assustadoras e parecem retiradas dum guião psicopata cheio de "stalkers", logo a minha adesão foi uma mera casualidade e sempre preferi a "inocência" do facebook e dos respectivos pedidos de amizade...
A maioria das crianças tem uma fixação quase doentia por telemóveis e, mesmo que uma pessoa lhes impinja uns de brincar, os verdadeiros têm sempre outro encanto. A Nônô não é excepção e, embora nunca tenha tido muita sorte com o meu, sempre o cobiçou e tentou apanhar-me desprevenida para surripiar-me o seu objecto de desejo. Um belo dia lá me "sacou" o telemóvel e, nem sei bem como, descobriu o Instagram onde, na altura, eu tinha poucos seguidores e seguia (adoro a expressão!) menos ainda! As pessoas que eu seguia eram basicamente os meus sobrinhos e a felicidade dela ao ver as fotografias dos primos foi enternecedora, o pior é que ficou extasiada quando viu um vídeo (publicado pelo primo mais velho) dum robô doméstico que limpava a casa sozinho e, a partir daí, passava horas a apreciar aquele momento de rara beleza (ou melhor, de rara limpeza!) e a vibrar imenso com o espectáculo...deve ter sido o vídeo do meu sobrinho Gonçalo com mais visualizações, desconfio mesmo que pouco faltou para se tornar viral! Até aqui nada de extraordinário, a avó Nhõnhõ começou a estar informada sobre TU-DO o que os netos faziam porque a Nônô era a delatora de todos os passos que os primos davam...não tardou muito para que ela própria começasse a querer tirar fotografias e, melhor ainda, fazer coisas engraçadíssimas com as mesmas (tipo colocar emojis, desenhar e escrever em cima das mesmas), ou seja, um verdadeiro PERIGO!!!
No Verão passado, o meu telemóvel "quinou" (e não foi por ter ido parar de quando em vez às mãos da criança), pelo que tive de adquirir outro e para que o meu novo "brinquedo" não despertasse a curiosidade alheia, resolvi passar-lhe para as mãos o velhinho telemóvel, após lhe ter removido o cartão e apagado as aplicações todas, ou quase todas porque, como nunca liguei ao Instagram, esqueci-me de elimina-lo e não me ocorreu que bastaria rede wi-fi para aquilo funcionar...assim, andávamos as duas felizes nas nossas vidinhas, eu a entreter-me com o meu novo telemóvel e a criança a ostentar o antigo que, mesmo todo partido, teve direito a uma capa escolhida a preceito na Claire`s, a loja onde a Nônô é tratada tal como algumas angolanas são nas congéneres da Avenida da Liberdade e...está tudo dito!
Um dia uma amiga afirmou que eu andava muito pelo Instagram, eu neguei e ela respondeu-me "...então, a Nônô está imparável no Instagram!". Rapidamente descobri que a Nônô percebia mais de Instagram do que eu e enquanto a maioria das pessoas se serve daquela rede social para promover a sua imagem, a Nô tratou de usa-la para destruir a minha...as fotografias não têm descrição possível, desde carros parqueados no estacionamento do Lidl até a abastecimentos no posto da Galp, já para não falar de fotografias a árvores com autênticos hieróglifos por cima até a "directos" sem qualquer nexo e no top das suas publicações estava uma foto minha cheia de emojis e com a inscrição "chanfarro" (não ter escrito "chanfrada" foi uma sorte!), enfim, a miúda revelou-se um verdadeiro PERIGO e teve de ficar sem acesso ao Instagram e lá se acabou grande parte do seu encanto por telemóveis!
Em Fevereiro caiu mais um dentinho de leite à Nônô (e vão 4!) e, por isso, teve direito a pedir outro desejo à fada dos dentes e quando eu suspeitava que teria de comprar mais um peixinho para o seu aquário, resolveu implorar por uma a visita do Henry Danger que é tão somente a personificação de tudo o que não desejamos para os nossos filhos! A partir daí, a Nônô começou a sonhar com o dia D, a perguntar-me o que lhe deveria dizer, a pensar como o cumprimentaria e pediu-me inclusivamente para lhe transmitir um recado "Ele que não traga a mãe!" e eu fiquei sem saber se a criança já pretende ver-me pelas costas ou se quer distância da hipotética sogra...prefiro acreditar na segunda hipótese! Como o pedido não era facilmente realizável e eu não sabia como sair deste encruzilhada, lá consegui convencê-la que o estupor do miúdo andava muito ocupado nas gravações de novos episódios da série televisiva, mas enviar-lhe-ia um presente...assim, acabou por receber uma moldura com duas fotografias da criatura, acompanhada de um postal e, para dar alguma credibilidade à história, comecei a seguir o "miúdo perigo" no Instagram, por isso, e antes de ser dada como inimputável, afirmo: "Henry Danger, estou a seguir-te!"

Ana Pádua
21/03/2018 

"Nônô Danger"
a moldura

o postal