O
Coffee é um pónei pertencente a um centro hípico que está integrado num clube
que a Nônô gosta particularmente de frequentar, não só porque tem um espaço
amplo e agradável para variadas brincadeiras, mas também porque as
pessoas são todas muito simpáticas e amáveis, por isso, a cada vista, faz novos
amigos de todas as idades e, dar mimo e comida aos cavalos, passou a ser o seu
hobby favorito.
O
problema começou no dia em que a Nônô resolveu dizer que queria experimentar
andar em cima dum cavalo...eu estremeci, até porque quando lhe sugeri que
montasse o pónei, ela disse peremptoriamente "NÃO" e o que queria
mesmo era um cavalo dos grandes! Enquanto eu tentava a negociação possível,
acercou-se de nós um tratador e, sem que ninguém lhe perguntasse nada, começou
logo a dizer "se a criança quer experimentar um cavalo dos grandes, porque
é que insiste que ela monte um pónei?!..." e, tralalitralala lá ia
expressando a sua opinião e eu só pensei "por qué no te callas???"...
A
minha experiência com cavalos não é de todo a melhor...eu até gostava bastante
de equitação; à data montava num emblemático picadeiro aqui da terra com vista
para o cemitério da Guia (o que por si só já era um óptimo presságio), até ao
dia em que, na sequência duma queda onde rigorosamente nada me aconteceu,
ergui-me, comecei a correr atrás do cavalo que assustado se dirigia para a
estrada e levei um valente coice que me deixou estatelada no meio do chão e sem
grandes recordações do que aconteceu a seguir...só sei que fiquei com a marca
da ferradura no meu corpo por um tempo considerável e, não fosse ter sido
atingida num dos ossos mais duros do corpo humano (que é como quem diz o
esterno) e não estaria aqui para contar a história. Não fiquei traumatizada
mas, a partir desse dia, para mim, os cavalos deixaram de ter o encanto que
tinham até então. Posteriormente, um amigo ainda me convenceu a dar um passeio
a cavalo pela serra, mas como ele gostava de se exibir, às tantas eu já só via
os cavalos a galopar por entre as árvores e a vegetação e eu ia mesmo ficando
degolada num arbusto, o que também contribuiu para me afastar mais um pouco
destas lides. Para finalizar em beleza a minha passagem pelo mundo equestre,
há uns anos atrás, uma amiga desafiou-me para umas aulas de equitação com um
professor que ambas conhecíamos, mas que considerava que tudo o que nos tinham
ensinado até então estava errado e dizia-nos frequentemente que nós tínhamos
imensos vícios e manias e mais parecíamos estar a montar no Faroeste...não é
que nós nos considerássemos umas amazonas, mas não estávamos dispostas a
(re)começar na "seca" do volteio, porque o que nós queríamos
mesmo eram apostas, corridas, saltos e obstáculos!...assim, ficámos todos
amigos como dantes, ele a "encantar" cavalos e nós a afagar o pêlo
a cães e gatos, animais com quem sempre tivemos muito mais empatia.
Mas,
às vezes, a vida troca-nos as voltas e a Nônô resolveu apaixonar-se por uma
espécie que eu considero que tem tanto de imponente e bonito como de robusto e
perigoso...não tive muitos acidentes, mas presenciei uns tantos e estive na
eminência de assistir a muitos mais, por isso, digam o que disserem, a
equitação é um desporto perigoso! Já me constou que existem uns coletes todos
XPTO (ao estilo dos airbags dos carros) que, em caso de acidente, são
accionados e, claro, lá se vai o colete mas preserva-se a caixa torácica que é
o que realmente importa e isto sossegou-me um pouco. À parte disto, o coelho da
Páscoa presenteou a Nônô com o famoso toque, o capacete com o qual sonhava, que
a deixou radiante de felicidade e que oferece mais algumas garantias em caso de
queda.
Foram
largos meses de namoro aos cavalos, muitas visitas, muitas festas dadas
e muitos quilos de cenouras oferecidas, enquanto eu me esforçava por ensinar três
regras básicas que hoje a Nônô repete religiosamente...ponto nº 1: dar sempre comida
com a mão esticada; ponto nº 2: fazer festinhas ao longo do chanfro e ponto nº
3: nunca, mas NUNCA, correr ou colocar-se atrás dum cavalo.
E
pronto, ontem foi O DIA! A Nônô realizou o seu sonho, ou melhor, parte dele, porque só tem
idade, estatura e peso para montar um pónei, mas apreciou tanto, mas tanto, a experiência!
Quanto ao Coffee e, apesar de eu nunca ter encontrado nada no seu resenho que
justificasse o nome, ficámos a saber que o mesmo advém do facto de ser
"speedado", pelo que, muito mais é o que nos une (a todos!) do que aquilo que nos
separa!...
Ana Pádua
27/04/2017
best friends |
...muito mimo... |
...muitas cenouras... |
...e muita felicidade |
my little equestrienne and the little pony |
true love |