terça-feira, 26 de maio de 2015

Os vizinhos...

Os vizinhos geralmente são-nos impostos e quase nunca são escolhidos, salvo as raras excepções em que decidimos residir perto da família ou dos amigos, o que quando corre bem já não é mau e quando corre mal é pior ainda...
De resto, os vizinhos que nos calham em sorte (ou azar, dependendo dos casos) invariavelmente não fazem parte da família nem do núcleo duro dos amigos e, para ajudar à festa, todas as pessoas têm horários, estilos de vida, ritmos, vícios, manias e mais uma série de variáveis que podem condicionar e interferir com as relações de boa vizinhança, mas nestas relações como em todas as outras, o respeito é a base do sucesso.
Desde que me lembro de existir que tenho recordações de boa vizinhança e quando, por algum motivo, os vizinhos partem (seja por mudança de rua, de bairro, de freguesia, de concelho, de distrito, de país ou, na pior das hipótese, para o outro mundo), deixam sempre uma enorme saudade, o que para a avaliação de qualquer relação, incluindo as de vizinhança, é um óptimo barómetro...gosto da ideia de interajuda e convenhamos que dá sempre imenso jeito ter um morador por perto que perceba de mecânica ou uma contabilista na imediação que nos preencha uns papéis, um habitante na proximidade que domine a informática ou uma médica numa situação de SOS (uma veterinária às vezes também é uma solução de recurso) ou simplesmente alguém que torne a convivência minimamente saudável.
Só me lembro duma excepção (que deve ser justamente a que confirma a regra) e a verdade é que tenho amigos que cresceram, brincaram, estudaram, viveram e sonharam no mesmo bairro que eu (e cujos pais ainda são vizinhos da minha mãe) e os nossos reencontros são sempre motivo de alegria, sem qualquer tipo de nostalgia.
No local onde resido actualmente, as casa contíguas à minha estão desabitadas, pelo que tenho um número mais reduzido de vizinhos e o meu irmão mais velho garante que os decibéis da minha voz contribuem em muito para afugentar a vizinhança mais próxima, mas eu vivo na esperança que a qualquer momento apareçam uns novos residentes, surdos talvez...
Mas, o que de verdade importa, é que mesmo assim tenho vizinhos espectaculares e tenho uma vizinha que é uma inspiração para a sua família, amigos e para todos os que habitam ao seu redor...uma pessoa naturalmente simpática e estimada por todos, com uma família numerosa mas que não dispensa a companhia dos seus dois gatos (um deles é tão grande que a Nônô julga tratar-se de um cão!), com uma história encantadora de perseverança perante as vicissitudes da vida e com os seus 86 anos, além de pintar uns quadros lindos e dominar as redes sociais, ainda se aventurou a escrever um livro intitulado "Poemas do Meu Jardim" (o 1º de muitos que se adivinham) e cujo lançamento foi no passado fim-de-semana na biblioteca municipal de Cascais. As maiores felicidades à querida vizinha Gina!!!
E porque hoje é o DIA EUROPEU DO VIZINHO, nada como uma saudação especial a todos aqueles que transformam a vida da vizinhança em algo tão familiar e amigo...

Ana Pádua
26/05/2015

...a futura leitora e a nova escritora
na sessão de autógrafos...
...uma dedicatória à Nônô
a avó Nhõnhõ com o seu exemplar...



...e a Nônô com o dela